Análise: Hegemonia de Antônio Brito põe em xeque a capacidade de liderança de Eduardo Hagge em Itapetinga

A escancarada falência da articulação política do prefeito Eduardo Hagge e o fortalecimento de Brito em Itapetinga.

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Uma simples fotografia pode revelar muito ou nada, mas a imagem recente que circulou nas redes sociais do deputado federal Antônio Brito (PSD) ao lado de uma significativa bancada de vereadores de Itapetinga e do ex-prefeito Rodrigo Hagge (MDB) fala mais do que mil palavras sobre a atual dinâmica política da cidade. A foto, que une figuras de diferentes espectros partidários, expõe de forma clara não apenas a força crescente de Brito no cenário local, mas também coloca em dúvida a liderança de Eduardo Hagge (MDB), atual prefeito e filho do ex-prefeito, na gestão política da cidade.

Na imagem, estão presentes nove vereadores de diversas siglas, Daniel Lacerda (Podemos), Anderson da Nova (União Brasil), Diga Diga (PSD), Peto (MDB), Sidinei do Sindicato (PSD), Sol dos Animais (Solidariedade), Neto Ferraz (PDT), Tarugão (MDB) e, claro, o ex-prefeito Rodrigo Hagge (MDB). O que chama atenção, entretanto, não é a pluralidade de partidos, mas sim o fato de que a maior parte desses parlamentares fazem parte da base de apoio de Eduardo Hagge na Câmara Municipal e, no entanto, jamais apoiarão o candidato a deputado federal do prefeito, Jayme Vieira Lima. Essa aliança informal com Antônio Brito evidencia, de forma nítida, o colapso da liderança do prefeito.

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O cenário que essa foto revela é ainda mais preocupante quando comparado com outra imagem que também circulou nas redes: uma foto do próprio Eduardo Hagge com figuras de seu círculo político, incluindo o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), deputado Rosemberg Pinto (PT), vereadora Sibele Nery (PT), candidato a federal Jayme e o fundo o presidente da Câmara Luciano Almeida (MDB), contrastando com a ampla coalizão que Antônio Brito conseguiu reunir, incluindo opositores e aliados do governo municipal. A disputa de bastidores entre essas duas frentes de apoio não é apenas simbólica, mas é um reflexo direto das dificuldades de Eduardo em consolidar uma liderança forte e eficaz no município.

Prefeito Eduardo Hagge, governador da Bahia Jerônimo Rodrigues e petistas.
Prefeito Eduardo Hagge, governador da Bahia Jerônimo Rodrigues e petistas.

Desde que assumiu a Prefeitura de Itapetinga, Eduardo Hagge tem adotado uma postura errática, muitas vezes parecendo não se importar com as consequências de suas ações. A primeira grande falha foi na eleição da Mesa Diretora da Câmara Municipal, quando o prefeito, com seu próprio apoio, ajudou a derrotar sua base aliada em favor de uma chapa composta por vereadores da oposição. Esse episódio gerou um racha, onde o apoio ao prefeito passou a ser mais uma questão de conveniência do que de lealdade genuína à administração, alimentando um crescente descontentamento entre os aliados e deixando claro o fracasso de sua estratégia de articulação política.

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Mais recentemente, o prefeito tem buscado suprir a falta de apoio dentro de sua base com promessas de emprego e regalias na Prefeitura em troca do apoio a Jayme Vieira Lima. Essa tentativa de angariar suplentes de vereadores, muitas vezes em detrimento dos próprios parlamentares da base aliada, tem gerado revolta entre os próprios aliados, que se sentem desrespeitados e desprestigiados por um prefeito incapaz de cumprir acordos e de consolidar uma frente unificada de apoio.

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No fim das contas, a imagem de Antônio Brito com uma aliança ampla e coesa de vereadores e o ex-prefeito Rodrigo Hagge serve como um retrato fiel da falta de coerência e de liderança de Eduardo Hagge em sua própria cidade. Ao passo que Brito parece consolidar sua posição de liderança, o prefeito, que já foi uma promessa de renovação, vai se perdendo nos bastidores da política, descredibilizando sua própria imagem e tornando a política local ainda mais fragmentada. 

A pergunta que fica é: até quando a hegemonia de Antônio Brito irá colocar em xeque a capacidade de Eduardo Hagge de liderar Itapetinga? A resposta parece cada vez mais distante, à medida que a articulação do prefeito se torna cada vez mais vulnerável, e suas tentativas de recuperação política, mais desesperadas.