Taxação de Trump pode frear contratações e gerar demissões na Vulcabrás/Azaleia em Itapetinga

Com as novas tarifas impostas pelo presidente norte-americano contra o Brasil, empregos e a produção da Vulcabrás/Azaleia de Itapetinga está ameaçada.

Taxação de Trump pode frear contratações e gerar demissões na Vulcabrás/Azaleia em Itapetinga
Sede da fábrica de calçados Vulcabrás/Azaleia em Itapetinga-Bahia.

A decisão de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, de impor uma sobretaxa de 50% sobre os produtos brasileiros, pode ter efeitos diretos e negativos em Itapetinga, cidade baiana onde a Vulcabrás/Azaleia, um dos maiores empregadores locais, está prestes a rever seus planos de expansão e até mesmo suspender novas contratações. A medida de Trump, anunciada no dia 9 de julho, pode comprometer a produção da fábrica e resultar em demissões, afetando principalmente o setor calçadista, que é o principal responsável pela geração de empregos no município.

No início deste ano, a Vulcabrás/Azaleia havia anunciado a contratação de mais de mil pessoas para atender à crescente demanda de exportações. No entanto, com a taxação de Trump, a expectativa de expansão sofreu um revés. A empresa agora aguarda até o dia 1º de agosto para saber se a medida será efetivamente implementada ou se é apenas uma ameaça vazia, uma vez que a economia dos Estados Unidos também será impactada pela decisão, o que pode levar à inflação e ao aumento de preços, incluindo itens essenciais como o café da manhã dos norte-americanos.

Em junho, o setor calçadista registrou um aumento significativo nas suas exportações, com destaque para os Estados Unidos, que lideraram o crescimento. No entanto, a imposição de tarifas elevadas pode inviabilizar as vendas para aquele mercado, obrigando a empresa a reavaliar seu quadro de funcionários.

Haroldo Ferreira, presidente-executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), se mostrou surpreso e preocupado com o anúncio de Trump. Em nota, Ferreira destacou que o setor calçadista brasileiro estava lentamente se recuperando no mercado americano, após um período de dificuldades. "O anúncio do presidente Trump, com novas tarifas a partir do dia 1º de agosto, é um grande balde de água fria para o setor calçadista brasileiro", lamentou Ferreira, apontando que as exportações para os Estados Unidos haviam subido 40% no primeiro semestre de 2025, contribuindo de maneira significativa para o crescimento das exportações do setor.

Em meio a esse cenário de incerteza, o ex-presidente Jair Bolsonaro gerou controvérsia ao se pronunciar sobre o assunto nas redes sociais. Em um post no X (antigo Twitter), Bolsonaro reconheceu que a decisão de Trump tem "muito mais a ver com valores e liberdade" do que com questões econômicas e afirmou que não se "alegraria" com as sanções impostas aos produtos brasileiros. Ele ainda sugeriu que a solução para o impasse está nas mãos das autoridades brasileiras, pedindo harmonia entre os Poderes e até mesmo a possibilidade de uma anistia como forma de restaurar a paz econômica.

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A fala de Bolsonaro foi interpretada como uma tentativa de minimizar as consequências da medida, colocando a responsabilidade nas mãos do governo brasileiro. Contudo, após sua declaração, as redes de apoio bolsonaristas ficaram em silêncio, sem comentar diretamente sobre as sanções de Trump, já que havia esforços de aliados do ex-presidente de pôr a culpa no presidente Lula, uma estratégia em vão após declaração do ex-presidente.

Com a ameaça de tarifas elevadas prestes a entrar em vigor, a economia de Itapetinga e o futuro da Vulcabrás/Azaleia seguem em suspense, aguardando os desdobramentos da política externa dos EUA e suas consequências para o setor calçadista brasileiro.