Sem honrar acordos, base aliada na Câmara aponta secretário de Governo como obstáculo à relação com o prefeito Eduardo Hagge.
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Secretário de governo Geraldo Trindade (MDB) e o prefeito de Itapetinga Eduardo Hagge (MDB). |
A arte de governar começa com a escolha a dedo de aliados capazes de blindar a gestão e costurar apoios no legislativo. Em Itapetinga, no entanto, o prefeito Eduardo Hagge (MDB) sofre com um problema crônico: sua equipe não apenas falha em construir pontes, mas dinamita as que já existiam. E no centro desse desastre político está o secretário de Governo, Geraldo Trindade (MDB), um nome que deveria ser sinônimo de experiência, mas que se revela o coveiro da base governista.
Trindade, veterano da política local e ex-gestor da Educação, assumiu a missão de ser o elo entre o Executivo e a Câmara de Vereadores. Mas, em vez de emular o sucesso do ex-prefeito Rodrigo Hagge (MDB), que mantinha a base alinhada mesmo em tempos turbulentos, o secretário transformou a relação com os parlamentares em um faroeste sem lei. O lema da Casa hoje parece ser: "Cada um por si, e Deus (ou o deputado Antônio Brito) por todos!"
O prefeito Eduardo Hagge chegou ao poder com acordos firmados, mas não honrados. Enquanto no Congresso Nacional as emendas parlamentares são a moeda de troca, em Itapetinga, o jogo é mais simples: basta empregar correligionários dos vereadores na máquina pública. Nem isso, porém, Eduardo e Trindade conseguiram entregar.
Diante da incapacidade de cumprir o combinado, o secretário de Governo adotou uma estratégia desastrosa: torrar a paciência dos vereadores, em vez de negociar, decidiu pelo confronto velado. Seu conselho ao prefeito? Indica que é "melhor cortar relações do que ceder." O resultado? Vereadores que antes apoiavam Eduardo Hagge desde a campanha eleitoral, agora se veem de mãos vazias e, pior, humilhados.
Enquanto o governo tropeça, o deputado federal Antônio Brito avança. Com habilidade, Brito ocupa o vácuo deixado por Eduardo e Trindade, oferecendo aos vereadores o que o prefeito não consegue: cargos, influência e, acima de tudo, respeito. Hoje, mais de dois terços da Câmara já orbitam em torno do deputado, deixando a gestão municipal isolada e à deriva com apenas o apoio do presidente da Câmara de Itapetinga, Luciano Almeida (MDB), ao candidato do prefeito, o pré-federal Jayme Viera Lima.
A irritação de aliados de Eduardo Hagge com postagens de emendas de Antônio Brito nas redes (Click Aqui)
E o pior ainda pode estar por vir. Brito não apenas mina a base de Eduardo Hagge, na sua própria cidade, como prepara o terreno para um vexame eleitoral do prefeito: o apoio à candidatura de Jayme Vieira Lima, primo dos já condenados Geddel e Lúcio Vieira Lima. Uma afronta que pode enterrar de vez o prestígio do grupo Hagge na cidade.
Geraldo Trindade insiste em dizer que os vereadores devem ter "paciência". Mas a realidade é que sua gestão na Secretaria de Governo tem sido marcada por promessas vazias e incapacidade de execução. Enquanto ele tenta apagar incêndios com gasolina, Antônio Brito avança com um exército de aliados para eleição 2026.
A governabilidade de Eduardo Hagge até aqui não está em xeque. Porém, a total incapacidade de negociação e com um suposto articulador que só piora as crises, o prefeito navega sem rumo, e o risco de naufrágio aumenta a cada dia. Resta saber: até quando o emedebista vai sustentar um secretário que, longe de ajudar, é um peso morto no governo?
A resposta pode definir não apenas o futuro do prefeito, mas o destino político de Itapetinga. E, até agora, os ventos sopram contra.
É desarticulação, é vida que segue...
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