Eduardo Hagge busca Geddel para ameaçar vereadores do MDB de Itapetinga

O prefeito de Itapetinga tenta pressionar os vereadores do MDB, com o apoio de Geddel, a apoiar Jayme Vieira Lima e descartar Antônio Brito.

Eduardo Hagge busca Geddel para ameaçar vereadores do MDB de Itapetinga
Na foto: Ex-ministro Geddel Vieira Lima e o prefeito de Itapetinga Eduardo Hagge, ambos do MDB.

A coisa não anda boa para o lado do prefeito Eduardo Hagge (MDB), em Itapetinga. Com sua base de apoio na Câmara se rebelando e vereadores do próprio partido tomando outro rumo, o prefeito decidiu recorrer ao velho jeitinho da política baiana: chamou Geddel Vieira Lima, sim, aquele mesmo do escândalo das malas de dinheiro de R$ 51 milhões, pra tentar dar um “puxão de orelha” nos vereadores do MDB que estão fora da linha.

Tudo isso porque cinco vereadores da legenda, Peto, Valquirão, Manu, Tarugão e Tele, já declararam apoio à reeleição do deputado Antônio Brito (PSD), e não ao candidato imposto por Eduardo Hagge, Jayme Vieira Lima, primo de Geddel e figura praticamente desconhecida do povo de Itapetinga.

Incomodado com a independência dos parlamentares, Eduardo quer que a direção estadual do MDB, comandada por Geddel, pressione os vereadores a voltarem atrás no apoio a Brito. Nos bastidores, fala-se que emissários de Geddel devem aparecer por aqui com um recado direto: “quem não apoiar Jayme pode sofrer sanções do partido, até com risco de expulsão por infidelidade partidária.”

E aí vem o ponto delicado: ao contrário do que muita gente pensa, o mandato de um vereador pertence ao partido, não à pessoa eleita. Isso significa que, sim, o MDB tem o direito de cobrar fidelidade de seus filiados e, em alguns casos, até pode pedir o mandato de volta se entender que houve quebra de compromisso com a legenda.

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Por outro lado, a legislação brasileira também protege o parlamentar contra punições arbitrárias. Ninguém pode ser forçado a declarar apoio público a um candidato contra sua vontade. O partido pode aplicar medidas disciplinares se as diretrizes forem desrespeitadas, mas tudo isso tem que passar por processo interno e, se contestado, pode acabar na Justiça Eleitoral. Ou seja: o caminho é longo, cheio de brechas, e com muita margem para disputa.

No fundo, o que Eduardo Hagge tenta é usar o peso do partido para resolver uma crise política que ele mesmo criou. Ao invés de dialogar, quer impor. Ao invés de convencer, ameaça. E ao trazer Geddel de volta à cena, logo ele, símbolo de uma política que o povo quer esquecer, só reforça o quanto está politicamente fragilizado.

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Os vereadores, por sua vez, não parecem dispostos a recuar. Estão alinhados com outro projeto e não escondem isso. E agora, com a possibilidade de confronto direto com a cúpula do partido, o clima promete esquentar ainda mais.

Agora, o jogo está posto: de um lado, um prefeito acuado tentando usar o peso do partido como bengala para sua fragilidade; do outro, vereadores que decidiram não abaixar a cabeça. A pergunta que fica é: quem vai piscar primeiro? E quem, de fato, tem coragem, e fôlego político, para ir até o fim nessa queda de braço?

Por enquanto! O prefeito Eduardo Hagge está perdendo de lavagem.