Vereadores enterram ‘PL dos Advogados’ de Eduardo Hagge, com único voto favorável de petista

Prefeito Eduardo Hagge sofre a primeira derrota na Câmara de Itapetinga em uma proposta que tornaria advogados ricos as custas dos contribuintes devedores. 

Vereadores enterram ‘PL dos Advogados’ de Eduardo Hagge, com único voto favorável de petista
Vereadora petista Sibele Nery, surpreende e fica a favor de uma proposta que puniria contribuintes itapetinguenses. 

Em uma sessão a típica e carregada de tensão na Câmara Municipal, os vereadores de Itapetinga sepultaram de vez o polêmico Projeto de Lei do prefeito Eduardo Hagge (MDB), conhecido nos corredores políticos como o "PL dos Advogados". A proposta, que tramitava há mais de 14 anos no Legislativo, visava permitir o pagamento de honorários advocatícios sucumbenciais a procuradores do município, o que, na prática, poderia transformar servidores públicos em milionários às custas dos contribuintes inadimplentes.

O placar da votação foi esmagador: 12 dos 15 vereadores disseram “não” ao projeto. Três se abstiveram. Apenas um voto favorável, o da vereadora petista Sibele Nery, que surpreendeu ao defender um texto que previa penalizações duríssimas aos devedores da Prefeitura, especialmente os inadimplentes do IPTU.

Caso aprovado, o PL permitiria que os seis advogados concursados da Prefeitura, além do procurador-chefe, recebessem 10% de todo o valor recuperado da dívida ativa do município, que gira em dezenas de milhões de reais. Em resumo, o projeto abriria caminho para que uma pequena elite do funcionalismo municipal acumulasse fortunas, enquanto os contribuintes arcariam não só com suas dívidas, mas também com honorários advocatícios e custas judiciais.

Eduardo Hagge ressuscita PL dos Advogados que pode tomar bens dos contribuintes de Itapetinga na justiça (Click Aqui)

Na defesa do projeto, Sibele Nery alegou que a medida traria benefícios aos cofres públicos e, segundo ela, também à população mais carente. O que não mencionou, e que os colegas de plenário não deixaram passar em branco, foi o peso que o Projeto de Lei colocaria sobre os ombros dos já sufocados contribuintes inadimplentes: confisco de bens, processos judiciais e a famigerada “tríplice punição” (dívida, custas e honorários).

O tom da sessão oscilou entre o indignado e o incrédulo. Para muitos vereadores, o projeto era mais que controverso, era um ataque disfarçado à população.

No momento da votação, os ânimos estavam acirrados. Um vídeo da sessão que circulou nas redes sociais revelou o clima tenso. Neto Ferraz (PDT) foi um dos primeiros a se destacar, puxando o coro contra o projeto. O vereador, com firmeza, afirmou: "Fui eleito pelo povo, e não votaria contra o povo." Ele apontou a perversidade do projeto, criticando a forma como os devedores, já esmagados pela dificuldade de pagar o IPTU, ainda seriam obrigados a arcar com custas judiciais e honorários dos advogados da Prefeitura. Sua fala foi contundente e ecoou no plenário, reforçando a posição contrária à proposta.

Outro que se manifestou de maneira enfática foi Valquírio Lima, o Valquirão (MDB), que se recordou de um episódio ocorrido em sua gestão como presidente da Câmara. Ele revelou que, em sua época de liderança, havia determinado a devolução de um projeto semelhante ao então prefeito aliado Rodrigo Hagge, por considerá-lo “indecente” e um verdadeiro ataque à população de Itapetinga. Valquirão reafirmou seu posicionamento contra qualquer proposta que puni-se severamente os devedores municipais, afirmando que, em sua opinião, o projeto seria um verdadeiro castigo para a população mais vulnerável.

Como votaram os vereadores de ampla maioria aliada ao prefeito de Itapetinga.

Contra o projeto (9 votos):

    Valquírio Lima, o Valquirão (MDB)

    Adelino Fonseca, o Peto (MDB)

    Manu Brandão (MDB)

    Tiquinho Nogueira (PSD)

    Pastor Jean Doriel (PL)

    Anderson da Nova (União Brasil)

    Daniel Lacerda (Podemos)

    Sidinei do Sindicato (PSD)

    Neto Ferraz (PDT)

Abstenções (3 votos):

    Telê (MDB)

    Diga Diga (PSD)

    Tarugão (MDB)

A favor (1 voto):

    Sibele Nery (PT)

Com esse desfecho, o projeto que prometia premiar uma elite jurídica à custa do contribuinte comum foi derrubado por ampla maioria. Para os vereadores que votaram contra o resultado não foi apenas uma vitória política, foi um alívio moral.

E o prefeito Eduardo Hagge, ao que tudo indica, terá que enterrar de vez a estúpida ideia de fazer da Prefeitura uma máquina moedora de contribuintes endividados para abastecer seu caixa, e de quebra, tornar seus advogados milionários, sob o lombo dos itapetinguenses.