Toque de recolher em Itapetinga pode dobrar casos da Covid

Toque de recolher em Itapetinga pode dobrar casos da Covid

Em comparação a outros municípios, 'toque de recolher' chegaram a triplicar caso de infectados e mortos pela Covid-19.


Toque de recolher em Itapetinga pode dobrar casos da Covid
Itapetinga na Bahia, entre o 'toque de recolher' noturno e o livre do comércio aberto no dia seguinte.


A sexta-feira (3) foi um dia marcado por discussões sobre eficácia do ‘toque de recolher’ em Itapetinga, decretado pelo prefeito Rodrigo Hagge (MDB), com orientação do seu ‘Gabinete de Crise’, que obriga cidadãos a se recolherem durante a noite e só ter permissão de saírem de suas casas das 05:hs até 19hs em horários estabelecidos pelo Decreto Municipal.

O propósito das autoridades de Itapetinga é tentar impedir o avanço do contágio pelo novo coronavírus no município, que já faz 11 vítimas fatais até o momento, com 417 infetados da Covid-19, dados divulgados pela Secretaria de Saúde na quinta-feira (2).

A descrença de cidadãos na medida rígida de restrições decretadas pelo prefeito de Itapetinga ganhou força após o amanhecer, quando milhares de pessoas se dirigiram ao centro comercial do município, ignorando a existência do vírus letal.

Na última publicação o IDenuncias, previu que o ‘toque de recolher’ seria um mecanismo paliativo de resposta politica, com erros grosseiros, que expõem a população ao vírus durante o dia e infecta seus familiares ao regressar às suas casas a noite.

Essa estratégia está sendo usada pelo governador da Bahia para impedir a proliferação do vírus no interior do Estado. Pelos dados levantados pelo IDenuncias através de publicação da Secretaria Estadual de Saúde e sites locais, ascensão da curva do contagio não surtiram muito efeito nos municípios alvos do ‘toque de recolher’.

Exemplo que o recolhimento noturno não deu certo é a cidade de Jequié, quando o governador Rui Costa (PT), prorrogou ‘toque de recolher’ no município do sudoeste baiano no inicio de junho. Quase um mês depois os números de casos dobraram de 500 casos confirmando e 17 mortos, para 1007 com 34 óbitos. A cidade de Jequié adotou o mesmo mecanismo do prefeito Rodrigo Hagge em Itapetinga, há poucos dias, comércio aberto de dia e isolamento social durante a noite.

Outra cidade, é Eunápolis, no sul da Bahia, em 22 de maio, aplicou o primeiro ‘toque de recolher’ no município com uma sequencia das mesmas medidas de acordo com agravamento de casos. Naquele primeiro ‘toque’, Eunápolis registrava 84 casos confirmados com apenas 1 óbito. Hoje, Eunápolis vive um triste resultado de 727 casos com 19 mortos pela covid-19.

Retornando a Itapetinga, com a maioria das atividades comerciais funcionados e bancos limitando o número de pessoas nas entradas das agencias bancarias, filas se formam no lado de fora sem o cumprir do distanciamento social exigido pelo Decreto Municipal. Sem fiscalização, essa mesmas filas se repetem nas portas das loterias do centro comercial.

Não se pode negar que o dia 2 de julho, data comemorativa da Independência da Bahia, teve cumprimento cívico do cidadão do município de Itapetinga no primeiro dia do ‘toque de recolher’. A cidade virou um vazio, só visto em madrugadas geladas do inverno itapetiguense.

O prefeito Hagge só não pode fazer propaganda do seu ‘toque de recolher’ como é exemplo no combate à pandemia com comércio aberto propagando por site ligado ao governo municipal que autoridades de outros municípios seguiram exemplo de Itapetinga.

Como o caso de Colatina no Espírito Santo, que enalteceu a iniciativa de Hagge como exemplo no combate a doença com decretos de ‘liberou geral’. Resultado, Colatina registra, hoje, 1.815 casos positivos com 38 óbitos. Se o prefeito de Colatina Sérgio Meneguelli decidiu seguir seu colega de Itapetinga na Bahia, percebeu que jogada do baiano foi prá-la de errado.
  
Os cidadãos de Itapetinga fizeram sua parte, agora só resta o governo municipal fazer a sua valer de verdade sem mecanismos paliativos que no frigir dos ovos não dão resultados nenhum. O exemplo do fracasso de outros municípios foi exposto, agora, o prefeito Rodrigo Hagge precisa provar que é capaz de proteger seu povo como prometeu na campanha eleitoral de 2016.