Vacina russa cobiçada pelo governador da Bahia contra covid-19 gera duvidas sobre sua eficácia

Vacina russa cobiçada pelo governador da Bahia contra covid-19 gera duvidas sobre sua eficácia

Vacina russa contra covid-19 desejada pelo governador Rui Costa (PT), deve ficar na promessa, diante dúvidas da comunidade científica sobre eficácia da droga.

Vacina russa cobiçada pelo governador da Bahia contra covid-19 gera duvidas sobre sua eficácia
Falta de estudos sobre eficácia da vacina russa prometida por Rui Costa (PT), deve encontrar barreiras para entrar no Brasil.


No deste mês, o governador da Bahia e presidente do Consórcio Nordeste, Rui Costa (PT), sinalizou o interesse da compra da vacina russa contra o novo coronavírus. O governador baiano havia afirmado que entrou em contato com a embaixada da Rússia, para garantir o desejo do estado e da região nordestina na nova vacina contra a covid-19.
O precipitado interesse do petista Rui Costa na sonhada vacina prometida para erradicação do vírus letal, produzida pelo governo Vladimir Putin pode induzir governadores nordestinos a comprarem “gato por lebre”.

Em publicação da Folha de S.Paulo, revela a falta de transparência e de publicação de estudos sobre a eficácia da vacina desenvolvida na Rússia contra a Covid-19.

Vladimir Putin declarou esta semana que pretende vacinar a população já em outubro. O governo russo anunciou a produção da vacina a partir de setembro, antes da conclusão de todos os testes e da divulgação dos resultados que comprovem eficácia e segurança. Fato que, gerou críticas de especialistas, além de desconfiança da comunidade internacional.

A Rússia, foi o primeiro país do mundo a anunciar a vacinação em massa nos próximos meses. A imunização, desenvolvida pelo Instituto Gamaleya, ainda está em fase 2 de ensaios clínicos. Ao todo, há 27 vacinas em fase de testes em humanos, das quais seis estão em fase 3 (a última antes da aprovação), e 139 em estudos pré-clínicos (em animais), segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde).

A bióloga Natália Pasternak, pesquisadora do ICB-USP e presidente do Instituto Questão de Ciência, afirmou a Folha de S.Paulo , que a falta de transparência é malvista e não representa boas práticas científicas. “No momento todas as vacinas sérias feitas por empresas e universidades de renome estão comprometidas com a transparência. Isso não foi feito com a vacina da Rússia que para nós, cientistas, não existe. Não sabemos nada sobre ela até agora, qual é a tecnologia empregada, os resultados da fase pré-clínica. Não foi feita uma única publicação”, e disse ainda, “O fato de uma vacina estar na última fase de testes não é garantia de que ela irá funcionar, apesar das publicações de artigos que atestem sua eficácia.”

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que regulamenta no país todos os medicamentos e vacinas produzidos ou importados no país, é minuciosa para permitir a produção de vacinas, inclusive para fármacos produzidos fora do país. Mesmo se houvesse a intenção de realizar testes da vacina russa em território nacional, isso não seria possível sem a divulgação dos estudos pré-clínicos.

Mesmo que o governador da Bahia, prometa a população do Estado o uso da vacina russa contra o novo coronavírus, agência nacional sanitária, não permitiria a introdução da vacina no país sem antes passar por uma analise rigorosa sobre eficacia da droga. Como os russos até agora não liberam os estudos clínicos, a vacina fica na promessa do baiano.

As barreiras para o uso da vacina russa em território nacional coloca o governado baiano no mesmo patamar de promessas escabrosas do prefeito de Itajaí em Santa Catarina, Volnei Morastoni, que prometeu a cura da Covid-19 com uso de ivermectina, azitromicina e cânfora. Está semana o prefeito inovou suas bizarrices, ao sugerir o uso de ozônio introduzido através do ânus para eliminar o vírus.