Candidato Rodrigo Hagge e o desafio dos 3 mil excluídos pela gestão Eduardo Hagge

Desafio político de Rodrigo Hagge em 2026, assume cobrança de empregos em meio a legado controversos após vitória do Tiozão.

Atual prefeito de Itapetinga Eduardo Hagge com sobrinho ex-prefeito Rodrigo Hagge em lançamento de campanha eleitoral.

A família Hagge, há décadas no comando político de Itapetinga, vive mais um capítulo de sua novela repleta de alianças frágeis, traições e consequências amargas para quem confia no clã. O prefeito Eduardo Hagge (MDB) e seu sobrinho, o ex-prefeito Rodrigo Hagge (também MDB), parecem ter enterrado o machado da guerra, pelo menos por enquanto, mas deixaram pelo caminho um rastro de servidores contratados, eleitores decepcionados e um desafio quase insolúvel para 2026: como convencer o eleitorado a apoiar Rodrigo Hagge para deputado estadual depois do abandono de 3 mil contratados que carregaram Eduardo até a prefeitura?

Na gestão de Rodrigo Hagge, a máquina pública foi ampliada com milhares de contratações, muitas delas claramente atreladas a interesses eleitorais para fazer o “Tiozão” prefeito. Esses servidores, em sua maioria, trabalharam ativamente na campanha de Eduardo Hagge em 2020, acreditando que teriam continuidade no novo governo. No entanto, quando o tio assumiu, eles foram deixados à própria sorte sem salário, sem expectativa de retorno e, agora, sem disposição para bater perna nas ruas por Rodrigo em 2026.

A pergunta que não quer calar: como o ex-prefeito vai montar sua campanha para uma cadeira à Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA) sem a base que um dia o sustentou? Esses 3 mil não são apenas números; são eleitores, familiares, vizinhos que se sentiram usados e descartados, em uma soma que pode ultrapassar 7 mil votos, no mínimo. E o pior: muitos deles são correligionários do MDB que hoje veem os Hagge como traidores.

Não há como falar dessa crise sem mencionar o escândalo que abalou os pilares da família: a traição conjugal da ex-primeira-dama Zezé Hagge, acusada de ser a grande articuladora das brigas entre Eduardo e Rodrigo após as eleições. Na época, o prefeito e o sobrinho trocaram farpas públicas, dividiram aliados e pareciam inimigos irreconciliáveis. Mas, como na política o sangue (e os interesses) falam mais alto, os dois agora estão novamente de braços dados, após possível separação do casal de prefeitos Hagge [Eduardo e Zezé Hagge].

A reconciliação entre sobrinho e tio, no entanto, não apaga o fato de que o clã Hagge queimou pontes com parte da sua própria base. Os eleitores que se sentiram abandonados dificilmente esquecerão. E, no jogo eleitoral, a deslealdade tem um preço.

Na gestão Eduardo Hagge impera o grito dos arrependidos
Na gestão Eduardo Hagge impera o grito dos arrependidos (VEJA AQUI)

Rodrigo Hagge quer ser deputado estadual, mas seu maior obstáculo pode não ser a oposição, e sim o desgaste dentro do próprio MDB. Se os 3 mil servidores abandonados não forem reconquistados, sua campanha já nasce capenga, para quem necessita de no mínimo de 35 mil votos para pensar na eleição de deputado estadual. Além disso, correligionários que se sentiram traídos até pela reconciliação repentina dos Hagge podem boicotar discretamente sua candidatura, preferindo investir em outros nomes.

Eduardo Hagge, por sua vez, precisa decidir se apoia o sobrinho de forma efetiva ou se mantém distante para não arranhar sua própria imagem junto ao governador da Bahia com quem se alinhou, já que Rodrigo Hagge deve estar com ACM Neto (UB). Afinal, se Rodrigo for visto como um peso eleitoral, o prefeito pode preferir cortar os laços como já fez com os contratados.

A lição que fica é clara, é que na política, queimar bases eleitorais é um risco que pode se voltar contra o próprio autor. Os Hagge podem ter se reconciliado entre si, mas ainda precisam explicar aos 3 mil servidores e aos eleitores decepcionados por que merecem confiança. Se não conseguirem, o clã pode descobrir, da pior maneira, que trair aliados é um erro que o eleitor não perdoa.

Enquanto isso, Itapetinga assiste a mais um capítulo da saga Hagge onde os únicos que sempre saem perdendo são os que acreditaram neles.