Esquema teria começado em 2006, com a criação das Assessorias Parlamentares, e segue impactando negativamente os salários dos assessores até hoje.
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Vereadores de Itapetinga já aditem que esquema prejudicam os atuais assessores. |
Em conversas reservadas, vereadores da Câmara Municipal de Itapetinga admitiram a existência de um antigo esquema envolvendo “laranjas” nos cargos de assessor parlamentar, o qual estaria impactando diretamente a possibilidade de reajuste salarial da categoria há mais de uma década. Atualmente, o salário líquido dos assessores e de pouco mais de R$ 1.800,00.
De acordo com os relatos obtidos pelos colaboradores do IDenuncias, sob condição de anonimato, o esquema teria sido instaurado em 2006, quando as Assessorias Parlamentares foram oficialmente incluídas na estrutura administrativa da Câmara. Desde então, segundo os vereadores ouvidos, parte dos cargos estaria sendo ocupada por pessoas que servem apenas de fachada, os chamados “laranjas”, enquanto os salários seriam direcionados a terceiros ligados a parlamentares ou acordos políticos, prática também conhecida como “rachadinha”.
“É um problema antigo, e todos aqui sabem. Já virou uma prática na Casa que ninguém tem coragem de falar abertamente. O resultado é que o orçamento estaria comprometido com as melhorias dos ganhos dos vereadores, se reajustar os salários dos assessores parlamentares, essa é a verdade”, afirmou um vereador, sob anonimato, a pessoas próximas.
A prática, segundo fontes internas, cria um impasse em que os vereadores teriam que escolher entre aumentar os salários dos seus assessores, ou priorizar os próprios benefícios. Uma decisão, segundo os parlamentares, que teria sido tomada pelo presidente Luciano Almeida (MDB) e pelos demais membros da Mesa Diretora da Casa: os vereadores Manu Brandão (MDB), Tiquinho Nogueira (PSD) e Neto Ferraz (PDT).
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O último aumento significativo para a categoria teria ocorrido há 14 anos, durante a gestão do então presidente João de Deus, já falecido, que, segundo os relatos, também teria imposto condições semelhantes às adotadas atualmente.
Apesar das denúncias e do conhecimento generalizado do esquema nos bastidores da política legislativa, vereadores continuam insistindo em transferir a culpa entre si como forma de escapar da pressão de seus assessores, que, em muitos casos, também atuam como fortes cabos eleitorais em campanhas.
É preciso fazer justiça. Entre os presidentes mais recentes da Câmara Municipal de Itapetinga, o único que demonstrou algum esforço em valorizar os assessores parlamentares foi o vereador Valquírio Lima, o Valquirão (MDB). Embora não tenha promovido reajuste salarial, o parlamentar concedeu o vale-alimentação em valor equivalente ao dos servidores efetivos, como forma de compensação, segundo ele próprio justificou à época, na imprensa local.
R$ 900 mil por mês: Câmara de Itapetinga vira máquina de regalias para vereadores. (Click Aqui)O descaso com os assessores parlamentares que de fato trabalham na Câmara de Itapetinga se aprofunda quando os próprios vereadores os ameaçam de demissão caso levem o problema, ou o esquema, a público.
Enquanto isso, os assessores parlamentares seguem à margem de reajustes e reconhecimento, arcando com o ônus de uma prática que, embora velada, parece estar enraizada no funcionamento da Casa Legislativa Municipal há décadas.
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