O ofício sem assinatura ao governador que coloca o prefeito de Itapetinga na mira de uma eventual CPI.
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Prefeito de Itapetinga Eduardo Hagge e aliados podem entrar na mira de CPI, caso seja instalada. |
Era fim de junho quando um envelope cruzou discretamente os corredores do Palácio de Ondina. Não trazia timbre, não tinha assinatura, mas carregava, em letras bem nítidas, o nome do prefeito de Itapetinga, Eduardo Hagge (MDB). O destino: a mesa do governador Jerônimo Rodrigues (PT). O conteúdo: um pedido para que o chefe do Palácio de Ondina interferisse no julgamento do Tribunal Superior Eleitoral para pôr fim no mandato do vereador oposicionista Diego Queiroz Rodrigues, o Diga Diga (PSD).
O registro no protocolo oficial aconteceu no dia 27. Quem entregou? Ainda é um mistério. Quem escreveu? Outra pergunta sem resposta. Mas um detalhe chamou atenção: a Procuradoria Geral do Estado só respondeu porque reconheceu que havia “outra autoridade” por trás do pedido. Quem seria essa autoridade?
CPI pode investigar Eduardo Hagge, Tiquinho, Sibele, Trindade e Queiroz por suposta trama contra Diga Diga (Click Aqui)
O prefeito nega. Diz que foi pego de surpresa, que usaram seu nome sem autorização. Só que, na cena política, coincidências são raras. E aqui, o enredo tem uma motivação clara: a queda de Diga Diga abriria vaga para o suplente Valdeir Chagas (PSD), que hoje, é aliado do prefeito. O cálculo político fecha, mas a autoria continua nas sombras.
A Câmara Municipal deve virara nos próximos dias palco de investigação se CPI prosperar. Dez vereadores assinaram um requerimento para abrir uma Comissão Parlamentar de Inquérito. O objetivo: encontrar o DNA do culpado. O clima é de delegacia improvisada, cada gabinete parece ter sua própria teoria, e cada suspeito tem uma versão ensaiada.
Nos bastidores, surgem nomes: vereadores influentes, secretários do núcleo duro do governo, servidores com trânsito livre entre Prefeitura e Legislativo. Todos com algo em comum: acesso e interesse no resultado. Mas nenhum com provas na mesa.
Se fosse um caso de polícia, e talvez devesse ser, a cena do crime começaria no ato de protocolo durante a visita do govenador a Itapetinga, e seguiria o rastro de quem carregou aquele envelope. O caminho pode parecer curto, mas as pegadas políticas costumam se perder em corredores onde portas se fecham rápido, já tem gente do andar de cima [Prefeitura], que emprega indicados de vereadores que assinaram a CPI.
Eduardo Hagge corre para evitar CPI enquanto pena para esclarecer sobre trama contra vereador de oposição Click Aqui)
Até que se encontre o DNA verdadeiro, Itapetinga assiste a um suspense político digno de investigação oficial. Não é apenas sobre quem escreveu uma carta; é sobre quem, no jogo de poder, ousou tocar na engrenagem da Justiça Eleitoral. E, como em toda boa crônica policial, a verdade está escondida, mas, cedo ou tarde, alguém vai abrir o pico.
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