Autores de CPI apontam que prefeito e aliados teriam articulado pedido ao governador para influenciar julgamento no TSE para derrubar mandato de opositor.
Itapetinga vive dias de tensão política dignos de enredo policial. Nos corredores da Câmara Municipal, vereadores de diferentes partidos assinaram um requerimento para instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) destinada a apurar um suposto complô envolvendo figuras de peso da cidade, da cúpula da Prefeitura a parlamentares influentes.
O estopim? Um ofício enviado ao governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), pedindo que interferisse no julgamento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que pode cassar o mandato do vereador Diego Rodrigues, o Diga Diga (PSD). O documento, segundo os autores da CPI, teria sido articulado e entregue por pessoas próximas ao prefeito Eduardo Hagge (MDB), vereadores aliados e até servidores ligados ao Executivo. Em resposta, a Procuradoria Geral do Estado (PGE), rejeitou o pedido do prefeito de Itapetinga de interferência no TSE.
O Prefeito Eduardo Hagge, por sua vez, nega qualquer envolvimento. Em “nota de esclarecimento”, afirmou que não emite documentos sem timbre e assinatura, e que seu nome teria sido usado indevidamente. Mas, para os parlamentares que puxam as suspeitas, seria “impossível” o prefeito desconhecer uma carta com um pedido tão grave, ainda mais considerando que a entrega teria ocorrido pessoalmente a um servidor do Palácio de Ondina durante visita do governador a Itapetinga.
Eduardo Hagge corre para evitar CPI enquanto pena para esclarecer sobre trama contra vereador de oposição (Click Aqui)
É aí que a teia se complica. As suspeitas apontam para o vereador Tiquinho Nogueira (PSD), que, segundo os autores que assinam a CPI, teria interesse direto na saída de Diga Diga. O motivo: com a queda do rival, o 1º suplente do PSD, Valdeir Chagas, assumiria a vaga, fortalecendo a articulação de Tiquinho para chegar à presidência da Câmara com apoio do prefeito.
Outra peça-chave do quebra-cabeça seria a vereadora Sibele Nery (PT), apontada como intermediária da entrega do documento ao governador, por sua ligação com o líder governista na Assembleia Legislativa, deputado Rosemberg Pinto e com o pessoal do Palácio de Ondina.
No núcleo mais próximo do prefeito, as suspeitas recaem sobre o secretário municipal de Governo, Geraldo Trindade, e o ex-vereador Gildásio Queiroz, hoje prestador de serviços à Prefeitura. Eles seriam, segundo parlamentares, mentores intelectuais da operação ao lado de Tiquinho, o maior interessado na queda do colega de partido.
Governador rejeita pedido do prefeito de Itapetinga para derrubar vereador Diga Diga no TSE (Click Aqui)
Se a CPI for instalada, a cidade pode assistir a um terremoto político: guerra aberta no Legislativo, risco de impeachment do prefeito e até cassação de mandatos. Como já analisou um dos colunistas do IDenuncias, no chamado “Caso Diga Diga”:
“Isso não é caso de política. É caso de polícia. Mas, no Brasil, quando os poderes se metem em coisas erradas, geralmente acaba em pizza, e tudo indica que esta pode vir com recheio de marmelada, por ter graúdos nessa esdrúxula história de caça às bruxas.”
É suspeita, é vida que segue...
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