Após ultimato, MDB e PSD devem ter o controle da CPI do Diga Diga, o prefeito terá minoria

Na CPI do Diga Diga, o prefeito de Itapetinga deve enfrentar derrota e fica em minoria na investigação.

Prefeito de Itapetinga Eduardo Hagge no plenário da Câmara de Vereadores.

A política itapetingense entrou em um daqueles capítulos dramáticos que misturam suspeitas, traições e uma investigação que tem tudo para abalar os alicerces do poder local. O tribunal baiano autorizou a abertura de uma CPI na Câmara Municipal para investigar uma trama suja: um suposto esquema para cassar o mandato do vereador de oposição Diego Rodrigues, o Diga Diga (PSD). E o alvo principal das suspeitas? O próprio prefeito, Eduardo Hagge (MDB) e seus aliados muitos próximos.

O caso explodiu quando uma carta, supostamente em nome do prefeito Hagge, foi parar no Palácio de Ondina, sede do governo estadual. Nela, pedia-se ao governador Jerônimo Rodrigues (PT) que usasse sua influência junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para ajudar a cassar o mandato de Diga Diga. A repercussão foi imediata e negativa, forçando a abertura de uma investigação para descobrir: quem foi o mandante da carta e quem a entregou?

Aqui começa o drama. O prefeito Hagge, que já estava na berlinda, e deve sofrer um revés estratégico crucial. Ele não terá o controle da CPI que vai investigá-lo. A composição da comissão, que tem apenas três vagas, será dominada por desafetos e opositor.

A dupla derrota na Justiça mostra o medo que o prefeito e os vereadores têm da CPI do Diga Diga (Clic Aqui)

A lei exige que a escolha dos membros da CPI respeite o tamanho das bancadas. Com apenas o MDB (6 vereadores) e o PSD (3 vereadores) tendo direito a vagas, a briga pelo comando ficará restrita a esses dois partidos. O MDB indica dois membros; o PSD, um.

O problema para Hagge está dentro de sua própria casa. O MDB está rachado. Dos seis vereadores do partido, apenas um, Manu Brandão, é considerada fiel ao prefeito. Quem fará as indicações é o presidente do MDB, Airton Ferraz. Ele é obrigado a indicar Manu Brandão para uma vaga, mas a outra vaga fatalmente irá para um dos quatro vereadores do MDB que estão descontentes com Eduardo Hagge (Tarugão, Peto, Telê ou Valquirão).

Do lado do PSDB, a situação também é desfavorável ao prefeito. Como Diga Diga é a vítima e não pode participar, a vaga ficará com um dos outros dois vereadores da legenda. Tudo indica que o presidente do PSD, Lucas Costa, escolherá Sidinei do Sindicato, já que o outro vereador, Tiquinho Nogueira, é conhecido por seu alinhamento com o prefeito de Itapetinga.

CPI do Diga Diga: uma ameaça para a gestão de Eduardo Hagge sem maioria na Câmara (Click Aqui)

Some-se agora os números: na CPI de três membros, a vereadora fiel Manu Brandão será apenas uma voz solitária. Ela ficará cercada pelos dois outros membros: um vereador do MDB da ala anti-Eduardo e o vereador Sidinei, do PSD. Esta dupla, unida pelo objetivo comum de investigar a fundo o caso, terá a maioria e, portanto, o comando da CPI decidindo quem será o presidente e o relator, cargos que dirigem os rumos das investigações.

O ultimato do judiciário baiano não abriu apenas uma CPI; escancarou a fragilidade de Eduardo Hagge. O prefeito não só é o principal suspeito do esquema investigado, como agora perdeu o comando da narrativa dentro da própria Câmara. A imagem é de um gestor acuado, traído por sua base e à mercê de uma investigação conduzida por seus desafetos.

A CPI do Diga Diga promete ser um longo e tenso drama político. Com a minoria garantida na comissão, o prefeito Eduardo terá que assistir, de camarote, aos seus aliados mais próximos serem interrogados e às evidências serem coletadas sob a batuta de seus opositores. Resta saber se esta investigação será o início do fim de seu governo ou se ele conseguirá, contra todas as evidências, reverter um jogo que começou profundamente desfavorável. A queda de braço só está começando.