CPI do Diga Diga: uma ameaça para a gestão de Eduardo Hagge sem maioria na Câmara

Com minoria, prefeito Eduardo Hagge  enfrentará investigação sobre suposto pedido para cassar vereador opositor. A instalação da CPI já foi determinado pela justiça.

CPI do Diga Diga: uma ameaça para a gestão de Eduardo Hagge sem maioria na Câmara
Vereador de oposição Diego Rodrigues, o Diga Diga cobra a instalação da CPI para buscar os responsáveis por pedido de interferência em seu julgamento no TSE. 

A gestão do prefeito Eduardo Hagge (MDB) vive dias de incerteza e apreensão com avanço da CPI do "Diga Diga" determinado pelo juiz da vara de direito Fernando Marcos Pereira, que instalada ameaça investigar um esquema político-jurídico que beneficiaria diretamente o chefe do executivo municipal. O cenário é de desvantagem: sem maioria na Câmara, o prefeito assiste à oposição vencendo as barreiras políticas e judiciais para instalar a comissão.

O cerne da investigação é uma carta-ofício supostamente enviada em nome do prefeito ao governador Jerônimo Rodrigues (PT), pedindo interferência em uma ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que pode cassar o mandato do vereador de oposição Diego Rodrigues, o Diga Diga (PSD).

A manobra, segundo a oposição, era clara: com a cassação de Diga Diga, quem assumiria a vaga seria o primeiro suplente, Valdeir Chagas (PSD), que hoje é aliado do prefeito. Essa troca daria a Eduardo Hagge a maioria de que precisa na Câmara, onde atualmente conta com apenas 7 votos favoráveis contra 8 de aliados insatisfeitos e da oposição.

A descoberta da carta, no entanto, expôs a suposta manobra e deu à oposição a arma perfeita para retaliar: uma CPI. A investigação não visa apenas o prefeito, mas busca descobrir quem foi o verdadeiro autor do documento, se foi o próprio prefeito ou assessores seus em conluio com vereadores e ex-parlamentar.

Eduardo Hagge corre para evitar CPI enquanto pena para esclarecer sobre trama contra vereador de oposição (Click Aqui)
O primeiro movimento para frear a CPI partiu do presidente da Câmara e aliado de Hagge, Luciano Almeida (MDB). Ele tem resistido a criação, mesmo com 10 assinaturas coletadas (o dobro do mínimo necessário) não seriam suficientes para instalar a comissão, uma manobra política para ganhar tempo.

A estratégia, porém, é analisada como frágil e derrotada antes mesmo de começar. A oposição recorreu à Justiça, e a expectativa é de uma vitória fácil se concretizou com a decisão do juiz Fernando Marcos Pereira, que acatou o Mandado de Segurança impetrado pelo vereador de oposição Sidinei do Sindicato (PSD). O magistrado determina que o presidente Luciano Almeida instale a CPI, em prazo de 10 dias corridos, sujeito punição de multas diárias de R$ 5 mil se não cumprir a determinação judicial.

Analisando o tabuleiro político, a situação de Eduardo Hagge é crítica por dois motivos:

Composição da CPI: A comissão terá apenas 3 membros, seguindo a proporcionalidade partidária (MDB e PSD têm as maiores bancadas). O MDB com bancada de 6 vereadores e o PSD com três parlamentares. Dentro dessas legendas, no entanto, o prefeito não tem controle.

Vaga do MDB 1: Será da vereadora Manu Brandão, única aliada confiável do prefeito na legenda.

Vaga do MDB 2: Estará com um dos quatro vereadores do MDB que estão insatisfeitos com a gestão Hagge, (Valquirão, Peto, Telê ou Tarugão). Ou seja, será um voto contra o prefeito.

Vaga do PSD: Será do vereador Sidinei do Sindicato, já que o presidente do partido deve recusar a indicar outro vereador, Tiquinho Nogueira, por ele ser aliado do prefeito. Mais um voto contrário.

As demais legendas não ocupam vagas de membros em uma CPI, por ter apenas 1 vereador por partido.

Prefeito Eduardo Hagge nega trama para cassar vereador Diga Diga, mas aliados já desconfiam (Click Aqui) 

Na melhor das hipóteses, o prefeito terá apenas 1 voto em 3 na CPI que investiga suas próprias ações. Será uma comissão hostil, com maioria disposta a investigar a fundo e levar as descobertas adiante.

Enquanto o prefeito nega qualquer envolvimento, a CPI do Diga Diga não é mais uma questão de tempo. Para uma gestão que já está em minoria, a investigação representa uma crise sem data para acabar, mostrando que, na política, nem sempre quem começa o jogo decide como ele termina.