‘Farinha pouca, meu pirão primeiro’: tática de Manu Brandão para comer de duas panelas pode sair pela culatra.
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Vereadora de Itapetinga, Manu Brandão (MDB) vinha faturando em duas candidaturas ao mesmo tempo. |
Em um audacioso movimento que mistura a esperteza e malandragem com a ambição de quem quer jantar em dois restaurantes ao mesmo tempo, a vereadora Manu Brandão (MDB) de Itapetinga parece ter se esquecido de um princípio básico da física política: quando você tenta sentar em duas cadeiras, o resultado mais provável é um tombo estratégico no chão.
A trama, digna de um folhetim baiano, tem dois co-protagonistas: o deputado federal Antônio Brito (PSD) e o prefeito Eduardo Hagge (MDB), este último alinhado com a candidatura do federal Jayme Vieira Lima (MDB). A vereadora, num ato de equilíbrio que faria um malabarista do Chapéu do Sol corar, decidiu que sua melhor jogada seria manter um pé (e, claro, os benefícios) no grupo de Brito e o outro no grupo de Eduardo Hagge.
A estratégia era simples e, porque não dizer, genial em sua malandragem: continuar usufruindo da torneira (ainda) aberta de exames, cirurgias e "cositas más" fornecidas pela base de Brito, enquanto saboreava a promessa de cargos comissionados na prefeitura, oferecidos pelo grupo de Eduardo. Dois pratos feitos, nenhum esforço político aparente. "Tudo o que você conseguir comer" ou "buffet livre" da vida pública.
No entanto, fontes bem humoradas do cenário político itapetinguense sugerem que o jogo duplo da vereadora está prestes a virar um jogo perdido. O grupo de Brito, não muito fã de ser usado como plano de saúde suplementar gratuito, estaria fechando a torneira da Fundação José Silveira. Isso significa que, em breve, a torneira de benefícios para os eleitores de Manu secará, assim como, pasmem, o salário de enfermeira que ela ainda recebia. Uma tragédia grega encenada no auditório da saúde pública.
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O que paira no ar, entre um suspiro e uma risada, é: e agora, Manu? A solução, aparentemente, será se contentar com o “pão” que o prefeito Eduardo Hagge poderá oferecer pelo apoio dela a Jayme, que, segundo os entendidos, será um pão velho, pico seco, de cargos limitadíssimos na prefeitura. A farra dos benefícios de Brito chegou ao fim.
Mas antes que a plateia derrame lágrimas pelo destino da nobre vereadora, é bom lembrar os números desse “martírio”. Sua majestade a parlamentar continuará a receber seu salário de R$ 13.400,00, mais diárias de viagem e um generoso (e misterioso) auxílio combustível que pode bater os R$ 3.500,00 mensais. Ou seja, enquanto seus eleitores podem ficar na mão com a falta de um exame, o orçamento doméstico de Manu seguirá mais saudável que o SUS depois de um Carnaval.
A moral da história, se é que há uma, é que na política, assim como no famoso acarajé, tentar rechear com tudo ao mesmo tempo, pode fazer a massa arrebentar. E Manu Brandão parece estar prestes a aprender essa lição da pior maneira possível: com o bolso intacto, mas a credibilidade e a capacidade de fazer favores, a verdadeira moeda eleitoral, drasticamente reduzidas.
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