PEC da Bandidagem: Centrão e Bolsonaristas mostram que suas piscinas estão cheias de ratos

Com blindagem a favor da corrupção, o Congresso se torna clube de impunidade com selo do Centrão e bolsonaristas.

PEC da Bandidagem: Centrão e Bolsonaristas mostram que suas piscinas estão cheias de ratos
Votação da PEC da Blindagem na Câmara dos Deputados.

Cazuza, que nos deixou há 35 anos, sabia muito bem como transformar a podridão política em arte. Com suas letras ácidas, ele denunciava, como ninguém, os rolos sujos de um poder que se dizia moralista, mas que na prática era pura hipocrisia. O músico não estava apenas falando sobre sua época, mas também nos fazia ver o futuro que estamos vivendo agora, onde a política brasileira é, mais uma vez, um grande "puteiro", e os ratos continuam nadando nas piscinas dos poderosos. O Centrão, com seus aliados bolsonaristas, não esconde mais que eles estão bem acomodados nessa lama, trocando favores, votos e até impunidade em nome de uma “governabilidade” que só serve para garantir seus privilégios. A famosa "PEC da Blindagem", ou como foi apelidada nas redes, a "PEC da Bandidagem", é a prova de que, enquanto o Brasil sangra, o Congresso se blindou com uma capa de imunidade.

Essa proposta, que mais parece um soco no estômago da democracia, foi aprovada na Câmara dos Deputados com a ajuda do Centrão e de deputados bolsonaristas que, antes, se faziam de paladinos da moralidade. Agora, a conversa é outra: quem tiver a coragem de investigar um político, que o faça com o aval dos próprios colegas, em uma votação secreta. O que nos leva a uma simples conclusão: esse Congresso não representa mais nada além de uma organização criminosa legalizada. Facções criminosas, que já têm poder suficiente nas ruas, agora podem sentar à mesa de negociações e garantir sua fatia na política. Isso mesmo, a PEC da Blindagem não é só para proteger parlamentares; ela é, na prática, um convite para os ratos invadirem o poder de vez, com direito a proteção blindada.

E, pasmem, quem mais se incomoda com esse circo? Os próprios deputados. Não porque a proposta é um absurdo, mas porque o ministro Flávio Dino, do STF, teve a audácia de pedir transparência na distribuição do dinheiro público das emendas parlamentares. O crime? Exigir que os parlamentares expliquem onde foi parar o dinheiro das emendas enviadas para suas prefeituras amigas e famílias. Para eles, que consideram as emendas como parte do seu "patrimônio", isso é uma afronta. Como ousa alguém querer saber o destino de dinheiro que, para muitos, é visto como próprio?

Os números da aprovação da PEC falam por si: 344 votos a favor, 133 contra, e mais uma vez, o Centrão venceu. A aprovação foi feita às pressas, em uma manobra de bastidores, onde os deputados se garantiram imunidade total, como se a corrupção fosse uma peça de vestuário que podem colocar ou tirar conforme a ocasião. A PEC da Blindagem é o último suspiro de um Congresso que já perdeu qualquer credibilidade, que negocia emendas com a promessa de não abrir os processos contra seus próprios membros, e que considera a reeleição um direito adquirido. Os eleitores? Ah, esses são apenas números a serem manipulados nas urnas, sem nem o direito de reclamar.

No fim das contas, o que se espera de um Congresso que já não se envergonha mais de suas tramas e intrigas? Talvez o Senado, que ainda tem algum resquício de vergonha na cara, consiga barrar essa PEC. Mas, olhando para o cenário, é difícil acreditar que eles tenham coragem de desafiar o status quo e restaurar a confiança do povo na política. O mais provável é que a blindagem vá passar, os ratos continuem nadando em suas piscinas e o Brasil siga sendo, como Cazuza cantou, um grande puteiro.