Em clima de velório, MDB tenta enterrar a crise entre prefeito e vereadores, mas falta o caixão

Reunião serviu mais para lavar roupa suja do que para reacender a chama da aliança, e sobraram promessas veladas.

Em clima de velório, MDB tenta enterrar a crise entre prefeito e vereadores, mas falta o caixão
Imagem da reunião convocada pelo MDB de Itapetinga, e melhorada pela IA, foco distância.

Se alguém chegasse desavisado à reunião convocada pelo presidente do MDB de Itapetinga, Airton Ferraz, poderia jurar que estava entrando em um velório mal iluminado. As caras fechadas, o silêncio constrangido e o clima pesado não deixavam dúvidas: o partido estava reunido para rezar a missa de sétimo dia da sua própria unidade. Só esqueceram o caixão.

No centro do funeral político, o prefeito Eduardo Hagge (MDB), aquele que um dia foi carregado nos ombros pela própria bancada, mas que resolveu trocar o cortejo por adversários de campanha. Foi ele quem sepultou a candidatura do aliado Tarugão para a presidência da Câmara de Itapetinga, jogando terra na chapa emedebista e acendendo velas para a oposição. Resultado: vereadores que o ajudaram a chegar ao poder agora querem distância até da sua sombra.

A mesa redonda mais parecia a reunião da família brigando por herança. Valquirão, Tarugão, Peto e Telê abriram a tampa do caixão e despejaram críticas em cima do prefeito, que permaneceu de cara amarrada, calado como quem espera apenas a leitura da última oração.

Mas nem tudo foi choro. Na reunião fúnebre também estavam os fiéis da ala governista: a vereadora Manu Brandão e o presidente da Câmara, Luciano Almeida. Ali o combinado foi simples, quase um pacto de sangue: “você me agrada, eu te agrado; se pisar na bola, leva ferro no plenário da Câmara”. Uma espécie de “confio em você, e você confia em mim” dita em voz baixa, como quem faz promessa diante do túmulo.

O problema é que o prefeito Eduardo não costuma garantir nem as calças que veste. Ou seja: é só questão de tempo para termos mais um velório, upsss..., reunião emedebista nas próximas semanas.

E se alguém ainda duvida do tamanho da crise, basta lembrar: o prefeito precisou aproveitar uma viagem dos vereadores emedebistas a Salvador para aprovar um projeto de interesse da Prefeitura. Foi o jeitinho de governar sem a própria base. Traduzindo: Eduardo não tem maioria na Câmara, e hoje sua administração depende do mesmo MDB que ele resolveu enterrar vivo.

No teatro político, sempre sobra espaço para comédia: a mídia amiga do prefeito saiu correndo para dizer que ele está “forte” e “no comando”. Mas convenhamos: um comandante que não tem tropa só pode estar liderando as velas do velório.

E como desgraça pouca é bobagem, Eduardo ainda conseguiu brigar até com o próprio sobrinho, Rodrigo Hagge, ex-prefeito e pré-candidato a deputado estadual. O mesmo Rodrigo que o empurrou para a Prefeitura agora deve ir para a campanha sem o apoio do tio ingrato. Ou seja: Eduardo não apenas acendeu a vela errada, como ainda apagou a luz do próprio terreiro gabiraba.

A guerra dos Hagge: Eduardo vs Rodrigo e a batalha pela narrativa de traidor (Click Aqui) 

Moral da história: a reunião foi um funeral sem caixão, uma missa sem padre e um cortejo sem destino. O MDB de Itapetinga, que já foi festa, agora é só velório. E o prefeito, que deveria ser o líder, parece mais o defunto tentando fingir que ainda respira. 

É MDB, é Itapetinga, é vida que segue...