Ex-prefeito de Itapetinga consegue congelar candidatura à reeleição do deputado estadual Rosemberg Pinto em Itapetinga, aponta levantamento de partido.
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Deputado estadual e líder do governador da Bahia na Assembleia estadual, Rosemberg Pinto (PT). |
O "santo de casa" parece, de fato, fazer milagres. A decisão do ex-prefeito Rodrigo Hagge (MDB) de entrar na disputa por uma cadeira na Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA) não apenas agitou o cenário político itapetingense, mas praticamente neutralizou a relevância da candidatura à reeleição do petista Rosemberg Pinto, líder do governo Jerônimo Rodrigues no legislativo estadual. A informação é baseada em uma pesquisa interna encomendada por uma legenda partidária estadual, à qual, o IDenuncias teve acesso exclusivo.
Os números são contundentes e pintam um retrato de força eleitoral que resiste às polêmicas. Apesar de um governo municipal anterior (2017-2024) marcado por denúncias de esquemas de licitações irregulares e desmandos administrativos, Rodrigo Hagge consegue desbancar qualquer concorrência direta na cidade. O levantamento aponta que, se as eleições fossem hoje, ele ultrapassaria a marca dos 18 mil votos, mais da metade do eleitorado que foi às urnas em 2022 (cerca de 38 mil).
A força eleitoral de Rodrigo é tão expressiva que ofusca não apenas o petista, que costurava em média 5 mil votos na cidade, mas também seu próprio tio, o atual prefeito Eduardo Hagge (MDB). Em uma projeção para 2028, Rodrigo aparece à frente do prefeito por uma margem de quase 12 pontos percentuais. O fenômeno demonstra um paradoxo: o cansaço do eleitorado com as brigas do clã no poder não se traduz, necessariamente, em rejeição ao ex-prefeito. Pelo contrário.
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A aparente contradição eleitoral é explicada por uma dinâmica única de disputa e rivalidade. A briga familiar entre os Hagge, longe de apenas afastar eleitores, tornou-se um espetáculo político que, até agora, beneficia principalmente Rodrigo. Incrivelmente, ele consegue atrair a simpatia e o voto até de eleitores tradicionalmente opositores, aqueles que há poucos meses se declaravam ferrenhamente contra ele.
Quem perde com essa ascensão é o deputado estadual Rosemberg Pinto. O parlamentar, que tem um histórico de conquistar cerca de 5 mil votos na cidade, agora pode amargar um derretimento drástico desse apoio. A candidatura de Rodrigo demonstra uma capacidade ímpar de unir duas bases antagônicas: seus eleitores fiéis (os "gabirabas") e um segmento da oposição descontente, canalizando tudo para seu projeto pessoal.
E não é só em Itapetinga que Rosemberg pode amargar perdas de votos para o ex-prefeito de Itapetinga. A levantamentos internos que mostram que Rodrigo começa incomodar o petista dentro de sua cidade natal, Itororó. Por lá, o itapetinguense corrói aos poucos o capital político do deputado estadual.
A trajetória de Rodrigo Hagge rumo à AL-BA, no entanto, não é um mar de rosas. Seu grande desafio será navegar as águas turbulentas da política estadual sem perder o protagonismo conquistado em solo local. Ele precisará se posicionar frente à alta popularidade do presidente Lula, que possui mais de 60% de aceitação em Itapetinga, e sobreviver a uma disputa acirrada ao governo do estado entre ACM Neto (União Brasil) e Jerônimo Rodrigues (PT), sem sofrer baixas em sua base gabiraba e de opositores, em especial, os contrários a seu tio prefeito que é acusado de ter dado às costas para seu grupo político que o conduziu a Prefeitura de Itapetinga.
Fazer o quê? É o eleitor de memória curta.
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