Luciano Almeida, sob ameaça de multa diária de R$ 5 mil, trava instalação da CPI em meio a acusações de protelação e manobras para proteger prefeito de Itapetinga.
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Tensão na Câmara de Vereadores de Itapetinga para instalação de CPI contra o prefeito Eduardo Hagge (MDB). |
Em um cenário de tensão e rivalidade, o plenário da Câmara Municipal de Itapetinga se transformou em arena de um embate político entre seus membros. Obrigado por uma decisão judicial a instalar imediatamente uma CPI para investigar o prefeito Eduardo Hagge, sob pena de multa diária de R$ 5 mil, o presidente do Legislativo, Luciano Almeida (MDB), encontra-se encurralado entre a lei e as lealdades políticas.
O drama chegou ao ápice na sessão de terça-feira (14/10). O vereador Sidinei do Sindicato (PSD), autor do pedido da CPI, elevou o tom no plenário para uma cobrança pública e direta. Diante de todos, ele pressionou Almeida a cumprir a ordem judicial, ameaçando retornar ao Judiciário para pedir a punição pessoal do presidente por desacato. A cena irritou o presidente do legislativo.
A reação de Luciano Almeida foi imediata e acalorada. Irritado, ele cobrou "respeito à Mesa Diretora", defendendo que o processo estava sob análise do setor jurídico da Casa. Prometeu, contudo, uma resposta para o dia seguinte (15/10). Sidinei rebateu, afirmando que sua postura não era de desrespeito, mas de legítima cobrança baseada em uma decisão de Justiça que determina a instalação imediata da comissão.
Após ultimato, MDB e PSD devem ter o controle da CPI do Diga Diga, o prefeito terá minoria (Click Aqui).
Nos corredores da Câmara, a avaliação é unânime: a irritação do presidente não fez sentido perante a clareza da ordem judicial. A convicção é que o atraso é proposital. Luciano Almeida estaria em uma missão quase impossível: encontrar uma brecha para incluir um aliado do prefeito na CPI, protegendo-o de uma investigação onde a oposição ao Executivo pode ter maioria.
O cerne do drama é matemático e expõe a farsa. A Câmara de Itapetinga é dominada por MDB (6 vereadores) e PSD (3 vereadores), que juntos somam nove dos quinze parlamentares. Os outros seis partidos (Solidariedade, Podemos, PT, União Brasil, PDT e PL) têm apenas um vereador cada.
A legislação interna determina que a CPI, com apenas três membros, deve seguir a proporcionalidade partidária. Na prática, isso significa que as vagas pertenceriam naturalmente ao MDB e ao PSD. A manobra de Almeida, considerada "fajuta" pelos adversários, seria "democratizar" a comissão, incluir um partido nanico para "encher" a vaga com um aliado do prefeito. Uma jogada que, na visão de especialistas, esbarra na ilegalidade.
A trama se complica ainda mais dentro do próprio MDB. Pelo regimento, a presidência da CPI é do autor do requerimento, no caso, Sidinei do Sindicato (PSD). As outras duas vagas de relator e membro caberiam ao MDB.
É aí que a rivalidade explode. Uma das vagas já tem dona: a vereadora Manu Brandão, fiel escudeira do prefeito. A outra vaga, no entanto, é um campo minado. Os nomes cotados emedebistas, Peto, Telê, Valquirão e Tarugão são considerados desafetos de Eduardo Hagge.
A dupla derrota na Justiça mostra o medo que o prefeito e os vereadores têm da CPI do Diga Diga (Click Aqui)
O racha no MDB não é novo. Remonta à eleição interna para a presidência da Câmara, quando Eduardo Hagge tomou partido na disputa. A relação, que já era frágil, azedou de vez com uma divisão na base aliada, um racha no "gabirabismo" provocado pelo próprio prefeito, que conseguiu a proeza de dividir seus apoiadores entre os pró e contra Rodrigo Hagge e o ex-prefeito, seu sobrinho.
Enquanto o presidente Luciano Almeida tenta desesperadamente "cantar para o prefeito" uma solução que a lei não permite, o relógio corre e a multa judicial pode se acumular. A cidade testemunha um drama onde o cumprimento da lei é o prêmio em uma guerra de egos, lealdades e rivalidades que define os rumos do poder em Itapetinga.
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