Em um palco de intrigas e lealdades voláteis, a figura do prefeito Eduardo Hagge (MDB) esvai-se, enquanto secretários e aliados travam uma batalha silenciosa pelo controle real do poder.
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Na imagem: prefeito de Itapetinga Eduardo Hagge (MDB), secretário de governo Geraldo Trindade (MDB), Gildásio Queiroz (DC) e secretária de administração Cristiane Coelho (MDB). |
Os bastidores da política itapetinguense são um caldeirão de meias-verdades e especulações que, raramente, inventam uma mentira do zero. A trama que se desenlaça hoje na Prefeitura, no entanto, aponta para uma realidade inegável: o prefeito Eduardo Hagge está refém de seu próprio círculo de confiança. A pergunta que ecoa nos corredores do poder não é sobre o que ele fará, mas quem dará a ordem.
A crônica falta de pulso do gestor municipal já é notícia velha nos bastidores. A voz que comanda, que decide, que ameaça, não é a de Eduardo. Quem fala mais alto são os seus secretários. Este cenário elevou o nível de isolamento do prefeito a um patamar crítico. Aliados históricos, que garantiram sua eleição, se afastam, enquanto as vozes influentes de dentro do gabinete o aconselham a um movimento desesperado: buscar apoio em antigos adversários para tapar o buraco deixado por ex-companheiros de campanha. Uma equação política que, a cada dia, fecha com saldo negativo.
Ironia cruel, a causa principal dos problemas de Eduardo Hagge está dentro da própria Prefeitura de Itapetinga, encarnada nas figuras que ele mesmo elevou a posições de alta confiança. O primeiro ato desse drama foi protagonizado por Zezé Hagge, sua ex-mulher. No comando da Ação Social, Zezé não administrava apenas uma pasta; comandava a Prefeitura inteira com mão de ferro, usando ameaças constantes de demissão para impor sua vontade.
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Com a queda de Zezé, acusada de traição, o poder não retornou ao prefeito. A cena foi tomada pelo filho adolescente de Eduardo, Dudu Hagge. Bajuladores da administração, ávidos por cargos para parentes, agraciaram o ego do jovem, tratando-o como uma nova liderança política e até um futuro candidato a prefeito. A farsa só terminou quando os desmandos de Dudu viraram escândalo nas redes sociais, revelando que quem despachava no gabinete do prefeito era o filho, forçando Eduardo a afastá-lo da administração para conter o fogo político.
Com o vácuo de poder, a batuta do comando passou para as mãos do secretário de Governo, Geraldo Trindade. Com autoridade para "fritar" aliados, Trindade arquitetou o expurgo de servidores ligados ao ex-prefeito e sobrinho de Eduardo, Rodrigo Hagge. No entanto, seu poder absoluto foi obrigado a dividir espaço com outra figura astuta: o presidente do partido nanico DC, Gildásio Queiroz, recentemente contratado para prestar serviços à Prefeitura.
A voz de Queiroz ganhou tom de comando dentro da Prefeitura. Longe de ser conciliador, o ex-vereador se alinhou a Trindade para atiçar ainda mais as chamas da tensão entre Eduardo e seu sobrinho Rodrigo, transformando uma desavença familiar em uma guerra aberta no clã Hagge, sem trégua à vista.
Mas em maio, o eixo de poder balançou. Surge, fora do radar tradicional, um personagem com força para desbancar os "conselheiros mor": a secretária de Administração, Christiane Coelho. De uma simples e desconhecida assessora de um vereador, Christiane ascendeu a uma posição de influência silenciosa, mas profunda. Os bastidores afirmam que ela conquistou uma autonomia que já começa a eclipsar as influências de Trindade e Queiroz.
A ascensão de Christiane não passou despercebida. Irritados, os dois antigos "mandachuvas" agora se uniram em um novo objetivo: exigir a cabeça da secretária. A batalha pelo poder já não é mais para influenciar o prefeito, mas para eliminar a concorrência.
Prefeito Eduardo Hagge, sozinho, é só um nome na porta do gabinete (Click Aqui)
A matéria está concluída, e a imagem que resta é a de uma autoridade esvaziada. Eduardo Hagge, o prefeito que "caiu de paraquedas" na própria administração, assiste, de sua cadeira, à ascensão e queda de aliados que, em diversos momentos, mandaram mais do que ele. De Zezé a Dudu, de Trindade a Queiroz, e agora com a insurgência de Christiane, o comando de Itapetinga é um trono giratório, ocupado por quem não esconde sua influência. O prefeito, outrora o centro do poder, tornou-se o espectador de um drama cujo roteiro ele já não controla, cercado por bajulações vazias e conselheiros que disputam entre si o papel de quem realmente governa.
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