Prefeito Eduardo precisa sair das sombras e revelar quais rombos Rodrigo Hagge deixou na Prefeitura

Em meio a troca-troca de aliados e acusações pelas redes sociais, Eduardo Hagge precisa parar de se esconder e diz que Rodrigo Hagge deixou uma "herança maldita" na Prefeitura de Itapetinga.

A cena política itapetingense se transformou em um dramalhão familiar com toques de situação cômica. De um lado, o prefeito Eduardo Hagge (MDB). Do outro, seu sobrinho e antecessor, Rodrigo Hagge (MDB), agora candidato a deputado estadual. No centro do palco, uma acusação milionária que paira no ar como um fantasma: um suposto rombo de R$ 23 milhões deixado por Rodrigo para seu tio pagar. O problema é que, até agora, ninguém, além do prefeito e seus novos seguidores, parece ter visto esse buraco nas contas públicas.

O atual prefeito de Itapetinga jamais teve coragem de levar a público o suposto rombo na prefeitura deixado por seu sobrinho e antecessor, Rodrigo Hagge, o delegando a tarefa a seus recém-aliados vindos da oposição a fazer o serviço sujo nas redes sociais. No entanto, em reuniões com secretários municipais e aliados, é quase um bordão o prefeito afirmar que não realiza obras ou ação na prefeitura por conta das dívidas deixadas por seu sobrinho.

A trama rende capítulos diários em grupos de WhatsApp e blogs governistas, ganhou um novo personagem que mistura tragédia e farsa. Em loquaz atuação, a vereadora Sibele Nery (PT), nova peça no tabuleiro de Eduardo, chegou anunciar com pompa a "convocação" de Rodrigo Hagge para prestar contas na Comissão de Saúde da Câmara.

O único detalhe, ignorado no script da acusação, é que a comissão não tem poder legal para convocar um ex-prefeito. A manobra seria, no máximo, um teatro para o público das redes sociais, já que, para uma convocação real, seria necessária uma CPI, algo que o prefeito, aparentemente, evita a todo custo abrir, em especial, no caso, da suposta carta ao governador da Bahia para cassar o vereador Diga Diga (PSD).

Enquanto a oposição interna a Eduardo se diverte com a sucessão de fiascos, aliados e ex, veem a estratégia como um tiro que pode sair pela culatra. A investida contra Rodrigo parece tê-lo fortalecido. Pesquisas internas de partidos já projetam uma votação explosiva para o sobrinho, que pode chegar a 18 mil votos na eleição do ano que vem, um número que tira o sono dos novos aliados do prefeito, que apostam no deputado petista Rosemberg Pinto para frear a ascensão de Rodrigo na cidade.

Nos bastidores, a guerra é vista como uma retaliação familiar que pode redesenhar o poder na região. Enquanto Eduardo Hagge enfrenta o desgaste do cargo, Rodrigo Hagge articula uma poderosa base de apoio. Além do eventual suporte da líder opositora Cida Moura (PSD), negociado nos bastidores, o ex-prefeito pode contar com a força operacional do grupo do deputado federal Antonio Brito (PSD) em Itapetinga, uma máquina formada por vereadores e cabos eleitorais de expressão na cidade.

Essa nova força não se projeta apenas para 2026, mas constrói as bases para a eleição municipal de 2028. Na prática, configura um péssimo negócio para o atual prefeito, que poderá testemunhar ainda em seu mandato a extinção do antigo gabirabismo especial, após com a morte do patriarca Michel Hagge, o "velho gabiraba" que durante décadas comandou os rumos políticos da família.

A morte do velho Gabiraba é uma perda muito maior para o prefeito Eduardo do que para Rodrigo Hagge (Click Aqui) 

A bola da vez, portanto, está com o prefeito Eduardo Hagge. A questão que ninguém cala é simples, direta e dramática: até quando o prefeito vai continuar se escondendo atrás de aliados e posts encomendados para fazer suas acusações? Se o rombo existe, que mostre a auditoria. Se a convocação é séria, que abra uma CPI. Do contrário, a única coisa que ficará paralisada não será a saúde, mas a credibilidade de quem prometeu governar e o próprio futuro político dos Hagge que ainda apostam no velho gabirabismo como moeda de troca.