Lotes rurais: o ‘bombom de picareta’ que Tarugão provou, o prefeito Eduardo está louco por uma mordidinha

Na calada da Câmara, prefeito e vereador armam o "esquemão" que beneficia fazendeiros, estrangula o SAAE e deixa o contribuinte com a conta da destruição.

Lotes rurais: o bombom de picareta que Tarugão provou, o prefeito Eduardo está louco por uma mordidinha
Vereador Tarugão e o prefeito Eduardo Hagge, ambos do MDB, na eleição 2024.

Parece ensaio geral para uma tragédia anunciada, mas é a realidade que está sendo escrita hoje em Itapetinga. A trama envolve um prefeito, um vereador "esperto", fazendeiros que podem virar "loteadores" da noite para o dia e uma cidade que pode se transformar em um amontoado de favelas sem infraestrutura. Tudo isso com um ingrediente clássico: o cheiro inconfundível de "bombom de picareta".

No centro da história está o prefeito Eduardo Hagge (MDB), que, num ato de "visionária generosidade", enviou à Câmara de Vereadores um projeto de lei para expandir o perímetro urbano do município. Soa bonito, não? "Progresso", diriam os menos avisados. Na prática, era a chave do cofre para um grupo seleto.

A jogada de mestre, no entanto, veio de dentro do plenário da Câmara de Itapetinga. Coube ao vereador Eliomar Barreira, o famoso "Tarugão" (também do MDB), o papel de protagonista nesta comédia de horrores. Com uma lábia que faria um vigário corar, Tarugão empurrou a votação a jato, sem dar tempo nem para seus colegas vereadores entenderem o que estava em jogo. O argumento? "É pelo interesse de Itapetinga." A realidade? Era pelo interesse de uns poucos, muito bem instalados no agronegócio e na empreiteira.

Os demais vereadores, coitados, caíram que nem patinhos no conto do vigário. Aprovou-se, às pressas, o "esquemão" milionário. De uma canetada, terras que valiam alguns milhares por hectare se transformaram em lotes urbanos valendo milhões. Uma mágica contábil que deixaria qualquer ilusionista com inveja.

O 'esquemão' do prefeito, vereadores e empreiteiros para transformar fazendeiros em donos de terrenos de alto valor (Click Aqui) 

A consequência? Itapetinga pode virar um cenário de caos. Imagine novas áreas sendo loteadas indiscriminadamente, sem planejamento, em regiões que poderá ser alagadas pelas chuvas. O resultado são futuras favelas e "parafinas", aqueles bairros que, com uma chuvinha, viram piscinas. Quem vai bancar a pavimentação, o esgoto, a infraestrutura? O contribuinte, é claro. Os novos "rei do gado" venderão seus lotes de ouro e deixarão o rombo para a população limpar.

E o que dizer do SAAE, que já vive de rodízio, com a população sofrendo para ter água tratada em casa? A expansão desordenada será a pá de cal no sistema, condenando a cidade a uma crise hídrica sem precedentes. O prefeito, que se diz preocupado, parece ter percebido que exagerou na dose. Tanto que, em um ato de "prudência" (ou seria medo de ser desmascarado?), propôs um veto ao próprio projeto.

Seria ingenuidade achar que Tarugão fez tudo isso por amor à arte, ou “cidade”. A tradição política local tem um nome carinhoso para a recompensa por serviços prestados: o "bombom de picareta". E, convenhamos, aprovar um projeto que altera o Plano Diretor sem audiências públicas, como manda a lei!, é um serviço e tanto para os amigos empreiteiros.

Agora, você pensa que a história acabou? Mero engano. O veto do prefeito é só um ajuste de rota, uma pausa para disfarçar a fome. A "guloseima de picareta" que Tarugão já provou está ali, na mesa, e Eduardo Hagge está louco para dar sua mordida. A proposta voltará à Câmara, repaginada, mas com o mesmo objetivo: transformar o bem público em lucro privado.

Itapetinga está à venda. E o pior: a população nem foi consultada, mas vai pagar a conta. A farra dos lotes está só começando.