Empresário Paulo Marinho, o PC Farias dos Bolsonaros?

Empresário Paulo Marinho, o PC Farias dos Bolsonaros?

Um empresário motivou impeachment de Collor. 28 anos depois, empresário abala os Bolsonaros, após revelar que filho do presidente foi alertado sobre operação na PF. 


Empresário Paulo Marinho, o PC Farias dos Bolsonaros?
Na imagem: Empresário assassinado em 1996 Paulo Cesar Farias, e o hoje, empresário carioca Paulo Marinho. Foto Montagem IDenuncias.


O empresário PC Farias foi a principal causa do impeachment do presidente Fernando Collor de Mello. De amigo a inimigo após explosão de denúncias que ligaram diretamente a figura do presidente a irregularidades praticadas por PC na captação de dinheiro para a campanha presidencial de 1989.

O enredo dessa história não se comparada a dos Bolsonaros no poder. Mas a figura empresarial, o cara que revela segredos, aí sim, qualquer semelhança é mera coincidência. Se desejar, pode até despreza o contexto da narrativa inicial para premiar o autor principal desse novo drama da política/policial do Brasil que pode culminar com mais um impeachment.


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O autor, é o empresário carioca Paulo Marinho. De amigo a inimigo dos Bolsonaros, após revelar os segredos do filho do presidente, senador Flávio Bolsonaro enroscado com esquema de ‘rachadinha’ montado na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), quando exercia o mandato de deputado estadual.

Em entrevista bombástica a Folha de S.Paulo, o empresário Paulo Marinho, suplente do senador Flávio Bolsonaro, trouxe novas revelações sobre o caso Queiroz. Marinho telhou com riqueza, como Flávio foi informado previamente sobre a deflagração da operação da Polícia Federal ‘Furna da Onça’ no Rio, que atingiu o seu então assessor na Alerj, Fabrício Queiroz, ainda em 2018.


Empresário Carioca Paulo Marinho, em entrevista a Folha revela que o filho do Presidente, Flávio Bolsonaro, foi avisado por um delegado da Policia Federal sobre operação e que o alvo seria Flávio e seu assessor Queiroz.


O escândalo que envolve o filho 01 do presidente é conhecido como “Caso Queiroz”. Que relata esquema de um ex-policial militar Fabrício Queiroz assessor de Flávio Bolsonaro quando ele era deputado estadual no Rio de Janeiro. Ele se tornou conhecido no final de 2018, quando o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) identificou movimentação suspeita de R$ 1,2 milhão nas contas do ex-assessor parlamentar e considerou o montante incompatível com a sua renda. As tais movimentações atípicas de Queiroz.

A suspeita é de que ele arrecadava parte desse dinheiro com um esquema de “rachadinha”, em que arrecadava parte dos salários de outros funcionários e devolvia ao gabinete de Flávio. A alegação de Queiroz, na época, é de que ele obteve esse dinheiro com o lucro na venda de carros.". Mas a história não colou, e obrigou Queiroz a mudar a narrativa, afirmando arrecadava parte dos salários para bancar outros apoiadores de Flávio Bolsonaro.

Marinho afirmou que Flávio Bolsonaro teria dito que um assessor seu de confiança, o ex-coronel Miguel Ângelo Braga (que hoje chefia seu gabinete no senado), recebeu, logo após o primeiro turno, uma ligação de um delegado da PF do Rio que dizia ter uma informação de interesse de Flávio. Este, consultado, mandou Braga encontrá-lo. A reunião teria ocorrido na porta da Superintendência da PF na Praça Mauá, zona portuária do Rio, na presença do advogado Victor Alves e de outra pessoa da confiança do senador, Val Meliga.

O diálogo entre Flávio e Marinho teria acontecido em 13 de dezembro de 2018, na casa do empresário no Jardim Botânico, Zona Sul do Rio, quando a Furna da Onça já havia sido deflagrada. O filho de Bolsonaro havia procurado o empresário porque queria uma indicação de advogado criminalista, uma vez que as investigações o implicavam, segundo o relato. Participaram do encontro e são testemunhas da conversa, garante o empresário, o advogado Victor Granado Alves, da confiança de Flávio, e o advogado Christiano Fragoso, indicado à defesa do senador na ocasião.

A repercussão da entrevista do empresário Paulo Marinho ganhou rapidamente as manchetes dos principais jornais do país, obrigando o aliado do presidente Jair Bolsonaro na chefia da PGR (Procuradoria-Geral da Republica), Augusto Aras, pediu a Polícia Federal para investigar suposto vazamento de operação policial para filho do presidente.

O efeito colateral dos relatos do empresário carioca pode atingir de cheio o presidente Bolsonaro e apressar processo de impeachment na Câmara dos Deputados, já que o presidente esta na mira de uma investigação no STF, sobre possível interferência na Polícia Federal. Episodio que culminou com a saída do ex-ministro da Justiça Sérgio Moro, após exoneração do Diretor-geral da PF, na obsessiva ideia do presidente em mudar a superintendência do órgão no Rio de Janeiro.

Tudo indica que história de PC farias e o impeachment de Collor, ganha novo ares, 28 anos depois, na reprise empresarial, ao lançar os Bolsonaros no olho do furacão da política brasileira com relatos de um empresário carioca. Se for comprovado, o clã cairá como moscas, um por um.