19 anos depois, Lula ‘paz e amor’ está de volta

19 anos depois, Lula ‘paz e amor’ está de volta

Com criticas a Bolsonaro, aceno ao mercado e moderado a imprensa, Lula vestiu o figurino de 2002, de zero radicalismo e 100% moderado.


Ex-presidente Lula em discurso no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo.


Em sua primeira entrevista após ter restabelecidos seus diretos políticos com anulação de condenações na Lava Jato, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), parecia ter voltado ao tempo de sua campanha eleitoral vitoriosa há 19 anos, teve que abandonar o radicalismo de esquerda para conquistar a simpatia de empresários e moderados da classe política.

Na coletiva a imprensa, Lula estava muito diferente daquele petista que deixou a carceragem da Policia Federal de Curitiba, com magoas e muito ressentimos. Mas hoje, o petista, era o Lula de 2022, sereno e muito acometido com as palavras. (veja integra da entrevista no fim da matéria) 

No inicio da entrevista, primeiramente, o álcool nas mãos, em seguida pediu licença a imprensa para tira a máscara em público. No passado próximo, essa cordialidade a jornalistas seria impossível. Diferente das bizarrices de Bolsonaro, o ex-presidente lembrou os quase 270 mil mortos, em referência às famílias enlutadas e recomendações a todos que se preservem e tomem vacina contra a Covid-19.

Lula tentou dar menos peso à sua situação jurídica dizendo que não guarda mágoas, até porque seria injusto para com a dor dos brasileiros diante da crise sanitária, mas não escondeu o ressentir contra os procuradores da Lava Jato e em particular o ex-juiz Sérgio Moro, ao afirmar que foi vítima da "maior mentira jurídica em 500 anos" da história do país, mas, depois da decisão tomada pelo ministro Edison Fachin, do Supremo Tribunal Federal, disse que a Lava Jato “desapareceu” de sua vida. 

Com habilidade politica de sobra, o ex-presidente adotou um tom conciliatório e pediu: "não tenham medo de mim". Lula lembrou de acertos de seu governo, ao citar a indústria automotiva que vendia quatro milhões de carros por ano e agora esse número caiu pela metade. Sereno, Lula não deixou barato, o drama das mortes de brasileiros provocadas pela pandemia e disparou contra os erros e inércia do governo Jair Bolsonaro e do Ministério da Saúde na crise sanitária. 

Mestres na arte da conquista, Lula não demostrou em nenhum momento rancor a partidos que derrubou Dilma Rousseff (PT), da presidência da republica em 2016, e tão pouco falou em ‘golpe’ contra petista que sofre impeachment, apenas disse: “vida que segue”. Era o aceno perfeito a políticos das esquerdas e Centro na tentativa de desmonte do Centrão, hoje, aliado a Bolsonaro.

A maior prova que Lula ‘paz e amor’ havia voltado, foi as criticas moderada a imprensa, em especial a Globo, que supreendentemente, taxou elogios explícitos ao Jornal Nacional. Por fim, espetou Bolsonaro de cheio, ao recordar quando estava na presidência do país. “vocês não sabem como ficava feliz quando eu ouvia um trabalhador dizer ‘vou comer uma picanha e tomar uma cerveja”. Após governo Bolsonaro os preços da carne bovina dispararam no mercado, alcançando a cifra de R$ 55 reais o quilo da carne de segunda, valor esse, do quilo da picanha em maio de 2014. Veja a entrevista na integra do ex-presidente Lula: