Assim como em 2002, Lula busca um empresário de perfil moderado para compor a chapa 2022.
Ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT) |
Líder nas pesquisas de intenção de voto, o ex-presidente Lula ainda não tem um nome preferido para ser seu vice na chapa eleitoral. Inspirados na primeira campanha vitoriosa do PT ao Palácio do Planalto, em 2002, quando o posto foi ocupado pelo empresário José Alencar, algumas estrelas petistas defendem a escolha de outro empresário para a função. Dois nomes surgiram nas conversas: Josué Gomes, filho de José Alencar e dono da Coteminas, e Luiza Trajano, proprietária do Magazine Luiza. Ambos, no entanto, não parecem interessados na empreitada.
Josué Gomes, que já foi candidato ao Senado por Minas, descarta nova incursão na política e disputará a presidência da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Já Luiza que foi durante o governo Lula integrante do Conselhão, colegiado que reunia representantes de diversos setores para debater temas diversos com o presidente já externou aos petistas que não pretende participar do processo eleitoral. Ela pode até contribuir com sugestões para a elaboração de medidas destinadas a estimular a economia e a geração de emprego, mas de maneira informal.
“Não vejo com muitas ilusões a possibilidade de reeditar 2002. A parceria do Lula com o Zé Alencar foi uma coisa única”, diz um deputado do PT próximo ao ex-presidente. A declaração embute um misto de constatação e de queixa com o fato de vários empresários terem se distanciado do PT após a derrocada econômica do governo Dilma e a prisão de Lula. A vaga de vice pode servir para reaproximar as partes, mas outras possibilidades serão avaliadas entre elas, uma eventual composição com legendas que são do Centrão (e hoje apoiam Jair Bolsonaro no Congresso) e até mesmo com siglas que têm pré-candidatos a presidente.
Para atrair aliados políticos, inclusive antigos adversários, Lula apostará no discurso de que a próxima eleição será entre quem defende a democracia e as instituições e quem tem um projeto autoritário. A foto do encontro dele com o o ex-presidente Fernando Henrique, do PSDB, foi providencial nesse sentido. A escolha do vice pode ajudar na costura daquilo que os petistas chamam de uma frente ampla, que ultrapasse as fronteiras da esquerda e seja vista como centrista e conciliadora de interesses. O vice, como em 2002, tem de ajudar a vender a imagem de um Lula “paz e amor”.
O ex-presidente não tem pressa para escolher o seu parceiro de chapa. A ideia dele, por enquanto, é continuar “jogando parado”, deixando o campo livre para Bolsonaro tropeçar em suas próprias pernas. Segundo pesquisas divulgadas recentemente, o governo do ex-capitão tem a reprovação de metade da população e perde para Lula e para outros postulantes à Presidência nas simulações do segundo turno. Ao contrário de seu principal rival, Bolsonaro tem pressa e cobra de seu time resultados capazes de melhorar o humor do eleitorado. Ele aposta na recuperação da economia, na prorrogação do auxílio emergencial e num novo Bolsa Família turbinado tanto no número de beneficiários como no valor do benefício para recuperar terreno e chegar forte à corrida presidencial de 2022. (conteúdo Veja).