Prefeitura de Itapetinga alega que demissão sumária da primeira-dama da pasta Social teria motivações legais e não pessoal do prefeito.
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Prefeitura de Itapetinga não convence sobre demissão de Zezé Hagge da Secretaria de Ação Social sobre alegações legais de nepotismo. |
Em decisão que pegou muitos de surpresa, a Prefeitura de Itapetinga anunciou na tarde desta quarta-feira (17/04) a exoneração repentina da primeira-dama da cidade, Zezé Hagge, que ocupava o cargo de secretária municipal de Desenvolvimento Social. A medida, divulgada por meio de um comunicado extraoficial, não apresentou um motivo específico convincente, levantando especulações entre a população e a imprensa.
O suposto argumento seria que o prefeito Eduardo Hagge estaria sob pressão do Ministério Público de Itapetinga, acusado de nepotismo por ter nomeado a própria esposa para a Secretaria de Ação Social. No entanto, o gestor optou por demiti-la sem contestação, apesar de existir jurisprudência favorável. A Súmula Vinculante 13 do STF não se aplica a cargos políticos, como secretarias estaduais e municipais, garantindo autonomia ao chefe do Executivo nesses casos.
Na prática, o prefeito tinha argumentos legais para manter Zezé Hagge no cargo, se assim desejasse, já que uma notificação do Ministério Público não equivale a uma ordem judicial, e muito menos justificaria uma demissão sumária. A decisão, porém, parece ter sido motivada por conflitos internos e pressões políticas, entregando a primeira-dama aos leões, ou, seus desafetos na Prefeitura e na Câmara Municipal.
Itapetinga terá 1º caso de nepotismo com prefeito a nomear esposa para cargo de Secretária. Renda familiar vai a R$ 40,2 mil (VEJA AQUI)
E motivos para a demissão não faltavam. Zezé Hagge vinha interferindo diretamente na administração do marido, exercendo influência muito além das atribuições de sua pasta. Circulavam rumores de que quem realmente governava era ela, e não o prefeito, o que minava sua imagem e causava desgaste político.
Na Secretaria de Desenvolvimento Social, a primeira-dama agia com total liberdade, chegando a nomear seu personal trainer com um salário de R$ 7,5 mil. Aliás, ela fez explodir os gastos com pessoal em folha de pagamento de R$ 180 mil na gestão anterior, Rodrigo Hagge (MDB) para atual de quase 500 mil prevista para este mês de abril de 2025. Sob seu comando, a secretaria contratou mais servidores comissionados e contratados do que investiu em ações sociais.
A gestão financeira irresponsável de Zezé Hagge a colocou em rota de colisão com outras pastas, principalmente com as secretarias de Finanças e Administração, que tentavam sem sucesso conter seus excessos. Segundo fontes do Executivo, se o ritmo de gastos continuasse, ultrapassaria o orçamento anual da secretaria.
Enquanto secretários tentavam frear os desmandos da primeira-dama, Zezé Hagge passou a pressionar o prefeito para exonerar seus críticos, especialmente os das pastas de Finanças e Administração. Se na Prefeitura o caos tinha nome e sobrenome, na Câmara Municipal a situação não era diferente: a primeira-dama escolhia a dedo os vereadores aliados, privilegiando os bajuladores com cargos comissionados. Essa interferência minou o poder de barganha do prefeito e colocou sua governabilidade em xeque.
A queda de Zezé Hagge foi celebrada nas redes sociais, onde internautas ironizaram sua demissão, inclusive com a simbolização de um "coraçãozinho" postado por ela, seguido de muitas gargalhadas.
Em apenas quatro meses de governo, o prefeito Eduardo Hagge já enfrenta impopularidade crescente, agravada pelas constantes interferências da esposa. Agora, espera-se que a exoneração contenha os excessos, mas há quem duvide: Zezé pode continuar a mandar na secretaria indiretamente. Além disso, ela retornará ao cargo de professora da rede municipal, o que pode transferir os conflitos para a Secretaria de Educação chefiada pelo vice-prefeito Alécio Chaves (PSB).
Pelo jeito, Zezé Hagge ainda tem um estoque infinito de lenha para queimar ou, como diriam seus desafetos na Prefeitura, uma lista interminável de pessoas para infernizar. Se antes a primeira-dama comandava a Secretaria de Desenvolvimento Social, agora ela está livre para se dedicar ao seu verdadeiro dom: o desenvolvimento pessoal do caos. E, convenhamos, nisso ela é mestra.
É queda, é Zezé, é vida que segue...
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