Contra-ataque ‘Robin Hood’ de Lula derrete Congresso nas redes e obriga centrão e direita a pedir paz

De Acuado a Robin Hood: a revirada de Lula que fez o Congresso pedir paz e os bilionários a pagarem a conta.

Contra-ataque ‘Robin Hood’ de Lula derrete Congresso nas redes e obriga centrão e direita a pedir paz
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao lado do governador da Bahia Jerônimo Rodrigues, ambos do PT, na festa da Independência da Bahia. 

Em Brasília, a bancada do centrão e a direita bolsonarista acreditavam ter armado a perfeita "La Bolsonaro" contra Lula: encurralá-lo, humilhá-lo na derrubada do IOF e transformá-lo num cachorro "fraco", "ferido" e "sem orçamento". O plano era simples: Hugo Motta (PP) e Davi Alcolumbre (União) liderariam o cerco, o Congresso imporia sua agenda, e o Palácio do Planalto viraria um mero espectador da própria derrocada.

O presidente, em vez de recuar, dobrou a aposta. Mandou um recado "cada macaco no seu galho", judicializou a questão no STF e ainda lançou um contra-ataque nas redes que fez o Congresso tremer nas bases. De repente, os mesmos parlamentares que se vangloriavam de ter "derrotado o governo" viram-se encurralados por algo muito pior do que um veto derrubado: a ira das redes sociais.

O problema do Congresso é que sua vitória veio com dois presentes envenenados: os tais "jabutis" que beneficiaram três bilionários do setor energético, custando R$ 200 bilhões e quem pagaria a conta seria os consumidores de energia elétrica na conta de luz e o aumento de deputados e senadores. Enquanto a turma do centrão e bolsonaristas comemoravam a derrubada do IOF, que na prática seria um imposto insignificante perto do rombo que criaram para o povo pagar, as redes explodiram com a narrativa de que o Legislativo estava a serviço dos super-ricos.

Lula, percebendo o clima, sacou o discurso do "Robin Hood" e, convenhamos, poucas coisas são mais eficientes no Brasil do que a velha e boa guerra de "pobres vs. ricos". O petismo inundou as redes com a ideia de que o Congresso só queria "lascar nos pobres para encher o bolso de banqueiro, bilionário e bets". E, como num passe de mágica, Hugo Motta, antes o "herói da derrubada do veto", virou o vilão preferido dos memes, ou, batê de político moído, foi quem levou mais porra nas redes.

A militância bolsonarista, acostumada a dominar as redes desde 2018, simplesmente travou. Tentaram desviar o foco postando sobre "anistia a golpistas", "sanções dos EUA contra Moraes" e até uma fake news desesperada: "Lula vai cobrar IPVA de bicicleta!" de taxar os pobres, que, obviamente, não colou, sinais que os políticos de direitas que costumam impulsionar as fakes estão em baixa.   

Enquanto isso, o presidente, pela primeira vez neste governo, virou o "herói das redes", erguendo cartazes de "taxar os ricos" na festa da Independência da Bahia. A mídia oposicionista entrou em parafuso, mas já era tarde: o discurso do "imposto justo" leia-se: "Taxação dos super-ricos" já havia contaminado o debate.

Análise: Lula percebeu que discurso ‘Robin Hood’ de tirar dos ricos para dar aos pobres começa a minar a direita (Click Aqui)

Com a pressão nas alturas, o presidente do Senado Davi Alcolumbre (União) decidiu que era hora de pedir paz. Em tom conciliador, sugeriu que o governo abandonasse o "nós contra eles" para promover a "pacificação". Tradução: "Pelo amor de Deus, parem de nos chamar de capachos dos bilionários!"

Mas a realidade é que o Congresso perdeu essa batalha. Lula, mesmo com todas as suas fragilidades, conseguiu algo raro neste governo: unir as redes contra o centrão e a dominante direita. E, num país onde os pobres pagam mais impostos que os ricos, esse discurso tem um poder de fogo difícil de ignorar.

Agora, resta saber: o centrão vai mesmo recuar? Ou só está esperando a poeira baixar para voltar ao velho (e lucrativo) "toma lá, dá cá"?

Uma coisa é certa: desta vez, o tiro saiu pela culatra e a direita ainda não encontrou um antídoto para o "Robin Hood de Lula".