Com a tropa de marajás na ‘rua da amargura’, Eduardo Hagge fica ainda mais exposto ao desgaste

Sem o exército de comissionados bem pagos, prefeito de Itapetinga vê a base aliada evaporar e a oposição se fortalecer, enquanto uma pesquisa revela o preço do desgaste.

Com a tropa de marajás na ‘rua da amargura’, Eduardo Hagge fica ainda mais exposto ao desgaste
Prefeito Eduardo Hagge (MDB), no gabinete central da Prefeitura de Itapetinga.

A arte de governar Itapetinga parece ter seguido um manual... particular. O prefeito Eduardo Hagge (MDB), em um movimento de "austeridade seletiva", decidiu dispensar sua tão necessária "tropa de elite”, um seleto grupo de comissionados que gozava de salários dignos de marajás do serviço público. Agora, sem esse escudo de altos salários, o gestor encontra-se exposto ao desgaste que ele mesmo ajudou a criar.

O episódio joga luz sobre a engenharia financeira da gestão. Enquanto secretários municipais se contentavam com vencimentos de pouco mais de R$ 12 mil, um mero servidor de uma secretaria chegava a embolsar R$ 18 mil mensais. Uma clara demonstração de que, na pirâmide do poder hagguista, o mérito do cargo nem sempre era o que determinava o topo do contracheque.

O que leva a Educação de Itapetinga a pagar um salário de R$ 18 mil a um servidor nomeado pelo prefeito? 

O prefeito, é claro, já havia dado uma "enxugada" anterior no quadro de pessoal. Em setembro, 450 contratados, em sua maioria indicados por vereadores da base governista, foram cortados. Uma estratégia ousada para consolidar seu apoio: demitir os cabos eleitorais de quem deveria sustentá-lo. O resultado, previsível para todos, menos para a Prefeitura0, foi uma bancada na Câmara de Vereadores que, magicamente, se descobre cada vez mais oposicionista. Afinal, qual é o sentido de ser aliado sem os espólios do poder?

Órfãos de seus cargos, esses ex-contratados encontraram um novo e eficiente palanque: as redes sociais. Lá, alimentam o desgaste do prefeito, que agora não conta mais com sua "tropa de choque" de comissionados para, entre outras funções, fazer a defesa online da gestão. E o pior, ou melhor, dependendo do ponto de vista, pode estar por vir. Os integrantes da elite dispensada foram informados que, se quisessem retornar em fevereiro, teriam uma "surpresa" no holerite: os salários cairiam para a módica quantia de R$ 3 a 4 mil. Uma forma peculiar de incentivar a lealdade.

As demissões dos marajás do prefeito Eduardo Hagge que deve economizar R$ 245 mil por mês.

Enquanto a estratégia de pessoal se revela um fracasso, uma pesquisa recente escancara o tamanho do buraco. Em uma disputa eleitoral hipotética, Eduardo Hagge ocupa um honroso terceiro lugar. À sua frente, está seu sobrinho e ex-prefeito, Rodrigo Hagge (MDB), e, liderando com folga, a opositora Cida Moura (PSD).

O racha no clã Hagge, aprofundado após a morte do patriarca Michel Hagge, deixou a família em um processo de liquidação política. A herança de Eduardo, ao que tudo indica, não foi o capital político do pai, mas sim, uma base corroída e um sobrenome que já não garante vitórias. 

Assim, Eduardo Hagge se vê no comando de um navio que faz água por todos os lados. Sem a tropa de marajás para conter os estragos, com a família dividida, a base aliada em frangalhos e a oposição crescendo, resta a pergunta: a quem o prefeito irá recorrer agora que a moeda de troca favorita, um cargo bem pago, secou?

É desgaste, é Hagge, é vida que segue...