As demissões dos marajás do prefeito Eduardo Hagge que deve economizar R$ 245 mil por mês

Corte de 38 comissionados expõe supersalários, caso curioso de servidor com "dupla folha" e fraturas no núcleo de poder; economia municipal será de R$ 242.093,50 por mês. 

As demissões dos marajás do prefeito Eduardo Hagge que deve economizar R$ 245 mil por mês
Prefeitura Municipal de Itapetinga demite servidores de cargos de confiança ligados ao prefeito Eduardo Hagge (MDB). 

Uma tempestade política atinge a administração do prefeito Eduardo Hagge (MDB). A demissão de 38 cargos comissionados, a tropa de elite do chamado "gabirabismo", deixou o chefe do Executivo municipal politicamente isolado, exposto a uma Câmara de Vereadores hostil e às críticas da população. A justificativa oficial, pautada em uma recomendação do Ministério Público da Bahia e em "moralidade administrativa", esconde um cenário de privilégios, um caso no mínimo curioso na Educação e a fragilidade do prefeito frente a antigos aliados.

A demissão foi formalizada através da Portaria nº 010/2025, que citou a recomendação do MP-BA para o desligamento de servidores em cargos de Coordenador Administrativo. A gestão afirmou, no documento, que "preserva as relações institucionais e deve atuar pautada na moralidade e probidade administrativas". A medida, porém, levanta uma questão: se a administração agora age com moralidade, a situação anterior era, portanto, imoral?

A pergunta ganha força ao se analisar casos específicos. O mais emblemático é o de Wemerson Maia Santos, comissionado na Secretaria Municipal de Educação. Estranhamente, seu salário saltou de R$ 7.500,00 para R$ 17.437,50, valor superior ao do próprio secretário municipal de Educação, que é de aproximadamente R$ 12 mil. De acordo com fontes, Wemerson tem fortes ligações com o vice-prefeito Alécio Chaves (PSB), que justamente comanda a pasta da Educação. O caso sugere que o servidor poderia estar recebendo de duas fontes diferentes dentro da mesma secretaria, um "acaso curioso" que a demissão buscou corrigir.

Além disso, a lista de demitidos inclui nomes que, segundo o Portal da Transparência, foram nomeados, mas nunca receberam qualquer centavo da prefeitura, como Adriel de Jesus Almeida Salvador, Alinne Santana Dutra Freite, Patricia Cerqueira Campos de Sá Barreto e Dirvan Silveira Fernandes Filho, levantando questões sobre a real função dessas nomeações.

Os cortes atingiram comissados com salários que variavam de R$ 4.000,00 a R$ 17.437,50, espalhados por diversas secretarias. A demissão do blogueiro Rivadavia Ferraz Junior, conhecido como Davi Ferraz, considerado o "blogueiro dos Hagge", simboliza a profundidade da limpa. A lista também inclui indicados do União Brasil do ex-prefeito José Otavio Curvelo e figuras ligadas ao ex-prefeito Rodrigo Hagge (MDB), tio e atual desafeto político de Eduardo Hagge.

A medida gerará uma economia significativa, ainda que temporária, para os cofres públicos, já que a readmissão de parte desse grupo está prevista para janeiro de 2026. A seguir, o detalhamento por secretaria: 

·         Secretaria de Governo (14 servidores): Economia mensal de R$ 75.900,00.

o Marco Antonio de Azevedo Correia – R$ 7.500,00

o    Claudio Souza Silva – R$ 7.500,00

o    Juscelino Olimpio Gomes – R$ 7.500,00

o    Rivadavia Ferraz Júnior – R$ 6.600,00

o    Eliene Portela Brito Paiva – R$ 5.800,00

o    Dilson Fernandes de Oliveira – R$ 4.000,00

o    Daiane Barbosa dos Santos – R$ 4.000,00

o    Edson Kauan Souza Silva – R$ 4.000,00

o    Esdras Sergio Muniz Souza – R$ 5.000,00

o    Fabiano Sousa Alves – R$ 5.000,00

o    Isabelle Souza Pires – R$ 4.000,00

o    Jocirleide Costa Pereira – R$ 5.000,00

o    Keila Reis Vieira – R$ 5.000,00

o    Suzana Carvalho Souza – R$ 5.000,00

·         Secretaria de Saúde (6 servidores): Economia mensal de R$ 41.625,00.

o    Adriana Costa Lemos – R$ 9.975,00

o    Lizete Muniz Guimarães – R$ 7.500,00

o    Orlando Couto Nunes Neto – R$ 7.500,00

o    Brena dos Anjos Oliveira de Deus – R$ 6.650,00

o    Damilton Lima Nascimento – R$ 5.000,00

o    Simone Cairo Feminela – R$ 5.000,00

·         Secretaria de Educação (8 servidores, incluindo Wemerson): Economia mensal de R$ 57.599,50.

o    Wemerson Maia Santos – R$ 17.437,50

o    Bruno Gama Sales – R$ 6.384,00

o    Marcelo Carvalho dos Santos – R$ 6.384,00

o    Tailan das Chagas da Silva – R$ 5.000,00

o    Valcilenio Almeida Silva – R$ 5.000,00

o    Arthur Lima Wanderley Correia – R$ 4.000,00

o    Maria Rosa de Almeida – R$ 3.900,00

o    Outros 7 servidores listados sem salário específico na base de dados, valor estimado em R$ 9.494,00 (para fechar a conta baseada na economia total)

·         Secretaria de Desenvolvimento Social (2 servidores): Economia mensal de R$ 10.000,00.

o    Clebio Moreira Lemos – R$ 5.000,00

o    Jutai José Alves – R$ 5.000,00

·         Demais Secretarias (5 servidores): Economia mensal de R$ 26.650,00.

o    Rogerio Neves Alves (Meio Ambiente) – R$ 7.500,00

o    Welton Ribeiro Brito (Agricultura) – R$ 5.000,00

o    Mara Rubia Lima Oliveira (Infraestrutura) – R$ 5.000,00

o    Francine Pires de Lima Martins (Planejamento) – R$ 4.000,00

o    Mychelle Santos Alves (Administração) – R$ 5.000,00

·         Servidores sem vínculo de salário listado (4 servidores): Economia de R$ 0,00 (conforme Portal da Transparência).

o    Adriel de Jesus Almeida Salvador

o    Alinne Santana Dutra Freite

o    Patricia Cerqueira Campos de Sá Barreto

o    Dirvan Silveira Fernandes Filho

Quem realmente manda na Prefeitura de Itapetinga: o prefeito Eduardo ou os secretários?

Com a guilhotina sobre sua própria base, o prefeito Eduardo Hagge se vê em um terreno político movediço. Não há garantias de que todos os demitidos retornarão em 2026, ou se retornarão com os mesmos salários. O certo é que, neste momento, o prefeito está desamparado. A degola, embora justificada pela legalidade, escancarou as fissuras do seu governo, a prática de nomeações questionáveis e o alto custo da lealdade política, deixando o prefeito mais exposto do que nunca ao desgaste e às críticas.