O copeiro-mor de Itapetinga e seu troco de meio milhão.
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Na renúncia da presidência da Câmara de Itapetinga, Luciano Almeida (MDB), um presente ao prefeito Eduardo Hagge de R$ 500 mil reais. |
Há coisas que só acontecem na política de Itapetinga. Umas são sublimes, outras são patéticas. No caso do presidente da Câmara de Itapetinga, Luciano Almeida (MDB), a situação beira o ridículo. O homem que conquistou a presidência do Legislativo após uma eleição das mais disputadas agora se apresta para cometer um ato de insensatez política: trocar o comando da Casa pelo cargo de secretário municipal.
Pense bem: um presidente de Câmara pode muito. Sem ele, o prefeito não governa. É um poder real, concreto, que agora será trocado por uma pasta na gestão de Eduardo Hagge (MDB). É como trocar um trono por uma cadeira de praia.
A história, porém, tem seus detalhes. Para chegar à presidência, Luciano Almeida fez o que todo político ambicioso faria: traiu. Deixou para trás seus companheiros de partido e aliou-se à oposição para derrotar a chapa dos sangues puros do prefeito que o ajudou se eleger. Foi uma jogada de mestre que se transformou num tiro pela culatra.
De chefe da Câmara para subalterno do prefeito: a possível renúncia de Luciano Almeida para ser secretário.
Durante dez meses, Luciano sentou na cadeira de presidente enquanto o prefeito Hagge amargava derrotas no plenário. Perdeu a maioria, perdeu o controle, perdeu a pose. Agora, o mesmo homem que o enfraqueceu é visto como uma tábua da salvação: assim, pensa os aloprados do prefeito Eduardo Hagge.
Antes de pular do barco, porém, Luciano Almeida tratou de pagar o ingresso para a prefeitura. Devolveu aos cofres do legislativo a bagatela de R$ 500 mil. Fez a propaganda do bom gestor, o presidente que economizou e deixou a casa em ordem. Só não contou que essa "economia" foi feita à custa do sucateamento da estrutura administrativa da Câmara, que hoje clama por reformas urgentes. É o velho truque: mostra o dinheiro que entrou, esconde o prejuízo que ficou.
Eis o que está em jogo: com a renúncia de Luciano, seu vice Neto Ferraz (PDT) assume a presidência. A vaga de vereador fica com o primeiro suplente, Pastor Evandro, do MDB. O prefeito, que hoje sofre com uma CPI que investiga suas tentativas de interferir na Justiça, ganha um voto a mais na comissão. A matemática é cruel e eficaz.
Há duas explicações possíveis para essa decisão de Luciano Almeida. A primeira: o presidente é um ingênuo que não enxerga o jogo que está sendo jogado. A segunda: é um oportunista que prefere a segurança de um cargo comissionado ao risco da política eletiva. Ambas são ruins.
O fato é que Itapetinga assiste a mais um capítulo de seu teatro político. Desta vez, com um protagonista que resolveu trocar seu papel de primeiro ator pelo de figurante, não sem antes fazer uma cortina de fumaça com meio milhão de reais. É uma escolha. Das ruins.
Para blindar prefeito e aliados da CPI, presidente da Câmara de Itapetinga avalia renúncia.
Enquanto isso, no plenário do legislativo, o prefeito Eduardo Hagge troca seis por meia dúzia. Com a saída de Luciano, livra-se do incômodo de ter a CPI apontando seu envolvimento na trama para cassar o vereador de oposição Diga Diga (PSD). De resto, fica tudo na mesma. Um fiel ao prefeito sai do plenário para a presidência, que continuará tendo minoria na Casa. Às vezes, a sorte ajuda até prefeitos encurralados, mas não lhes dá a vitória. Apenas lhes empresta um fôlego. Resta saber por quanto tempo.
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