O alerta ignorado: por que Itapetinga deveria se preocupar com o blefe (ou ameaça real) de Trump.
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Centro comercial de Itapetinga, na Bahia. |
A aposta no momento é que o presidente norte-americano Donald Trump sofrerá um efeito "taco", ou seja, vai amarelar novamente em 1º de agosto e recuar sobre o anúncio de um tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros. Se confirmada, porém, a taxação pode gerar uma onda de desemprego e prejuízos bilionários no Brasil, com reflexos diretos em cidades como Itapetinga, no interior da Bahia.
O tarifaço de Trump, ironicamente, está na conta da família Bolsonaro. Eles conseguiram convencer o presidente dos EUA a aplicar sanções contra o Brasil, numa manobra para livrar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) da eminente cadeia por tentativa de golpe de Estado. A máscara dos Bolsonaros, aliás, caiu de vez: o famoso lema “Deus, Pátria, Família e Liberdade” revelou-se uma farsa. Na prática, "Deus" significa o próprio "Mito"; "Pátria" são os EUA; "Família" refere-se à proteção do clã Bolsonaro; e "Liberdade" resume-se à do ex-presidente.
Mas o que Itapetinga tem a ver com Trump e os EUA? A resposta é simples: tudo. A principal empregadora do município é a fábrica de calçados Vulcabrás Azaleia, que mantém mais de 7 mil postos de trabalho com carteira assinada e prometeu gerar mais mil vagas este ano, graças ao aumento expressivo das exportações para os EUA. Os calçados brasileiros conquistaram o mercado americano pela qualidade e preços competitivos.
O setor calçadista, um dos que mais empregam no Brasil, vinha ampliando suas vendas aos EUA. Com o tarifaço, porém, os produtos brasileiros perderão atratividade para o consumidor americano. A queda nas vendas levará inevitavelmente a cortes de produção e demissões e Itapetinga será uma das primeiras a sentir o baque.
Efeito dominó na economia local, deve gerar impacto e não se limitará ao setor calçadista. Menos empregos significam menos dinheiro circulando no comércio, nos serviços e em toda a cadeia produtiva da cidade. O desemprego em massa desestimulará novos investimentos, travando a abertura de empresas e congelando o desenvolvimento local.
O município também perderá na arrecadação de impostos, o que significa menos recursos para áreas essenciais como Saúde, Educação e infraestrutura. Itapetinga, que se industrializou ao longo dos anos, pode ver parte de seu progresso ser revertido por uma decisão tomada a milhares de quilômetros de distância.
Ignorância ou desconexão com a realidade? Apesar da ameaça eminente, muitos itapetinguenses ainda tratam o assunto como algo distante, como se o que acontece "lá fora" não os atingisse "aqui dentro". Seja por ignorância ideológica, seja por pura desconexão com a realidade, parte da população insiste em não enxergar o óbvio: em um mundo globalizado, as crises não respeitam fronteiras.
Enquanto o jogo de ego entre Trump e Bolsonaro segue seu curso para livrar o ex-presidente da prisão, Itapetinga pode se tornar mais um capítulo triste na lista de cidades sacrificadas em nome de interesses particulares do clã Bolsonaro. O tarifaço não é só um imposto, é um tiro no pé da economia local, e não haverá ‘mito’ ou narrativa salvadora capaz de justificar o fechamento de vagas e o sufocamento do comércio.
Itapetinga já sabe o seu. Agora, resta saber se alguém, além das futuras vítimas desempregadas, está realmente prestando atenção, caso, Trump aposte no caos contra os brasileiros, especial, os itapetinguenses.
É tarifaço, é vida que segue...
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