No fio da navalha: Rodrigo Hagge entre o lulismo fortalecido e o bolsonarismo em frangalhos

Entre a ruína do bolsonarismo e a força crescente do lulismo, Rodrigo Hagge tenta não cair do fio tênue que separa o apoio popular da derrota nas urnas.

Ex-prefeito Rodrigo Hagge (MDB) em evento religioso em Itapetinga.

A cena que correu o Brasil e o mundo, Jair Bolsonaro (PL), ex-presidente, cercado por policiais federais, tornozeleira eletrônica no tornozelo, proibido de sair de casa sem autorização do STF, virou símbolo de um ciclo político que se desfaz. Em Brasília, o bolsonarismo sangra. E em Itapetinga, agoniza.

Em tempos de polarização, há quem precise fazer acrobacias. É o caso de Rodrigo Hagge (MDB), ex-prefeito da cidade e agora pré-candidato a deputado estadual. Com os olhos postos em uma meta ousada, os inéditos 15 mil votos, Rodrigo enfrenta um desafio hercúleo: caminhar sobre brasas políticas sem se queimar. Entre o lulismo em alta e o bolsonarismo em ruínas, ele terá que se equilibrar como nunca antes.

A visível derrocada do “Mito” não deve deixar apenas um vácuo de liderança nacional. Em Itapetinga, onde o bolsonarismo já teve seus dias de glória, a base de direita se vê órfã, desorientada. A prisão de Bolsonaro, ainda que parcial e recheada de simbolismo, está levando o grupo à beira da ruína. O ex-presidente, agora mais próximo da Papuda do que de qualquer palanque, arrastou consigo muitos de seus seguidores. Inclusive os locais.

Para piorar, o tal “tiro no pé” da família Bolsonaro ao atiçar Donald Trump, que agora impõe tarifas pesadas à economia brasileira deixou um gosto amargo não apenas em Brasília, mas em Itapetinga, que corre sério risco de vê o desemprego aumentar por conta dos Bolsonaros. O nacionalismo de fachada virou problema concreto: crise e desemprego a vista.

Se Lula surfar na taxação de Trump, ACM Neto afunda e forçará Rodrigo Hagge a mudar de lado por sobrevivência (Click Aqui)

É nesse cenário de ruína da extrema-direita que o ex-prefeito de Itapetinga se vê em um labirinto: precisa dos votos do eleitor bolsonarista, mas não pode se afastar dos lulistas, maioria expressiva e reanimada na cidade. Afinal, o presidente Lula vive um momento de popularidade renovada, com chances reais de disputar um quarto mandato. E na Bahia, terra de esquerda, a força petista ainda é um trator eleitoral.

O dilema de Rodrigo Hagge se torna mais denso diante da fragilidade da oposição estadual. ACM Neto, seu provável aliado, assiste de longe a uma possível queda de braço entre Lula e um Tarcísio de Freitas (Republicanos) que nem de longe empolga como seu antecessor. Tarcísio deve, inclusive, sair menor do que Bolsonaro em solo baiano, e isso já diz muito.

Portanto, o ex-prefeito está encurralado. Se pender demais à direita, perderá o grosso do eleitorado lulista. Se acenar demais à esquerda, os órfãos de Bolsonaro o abandonarão por traição. E, sem essas duas pontas, os 15 mil votos viram miragem.

Rodrigo Hagge terá que fazer política com precisão cirúrgica. Não basta discursar ao centro, será preciso agir com a destreza de quem pisa em campo minado. Afinal, em Itapetinga, o voto ainda é rei. E tanto bolsonaristas quanto lulistas, mesmo em lados opostos da trincheira, têm algo em comum: podem colocar ou tirar qualquer um do poder.

O fio da navalha está afiado. E Rodrigo Hagge está prestes a dançar sobre ele.