A morte do líder: com o fim de Michel Hagge, o clã Gabiraba entra em UTI política.
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Morte do ex-prefeito de Itapetinga Michel Hagge deixa lacunas sobre a sobrevivência do seu grupo político. |
A morte de um líder é como o fim de uma era. Para grupos políticos brasileiros que nascem e crescem em torno do carisma de uma única pessoa, é frequentemente o golpe final. Sem a figura central, as lealdades se dissolvem e os interesses individuais tomam conta. O "gabirabismo" em Itapetinga, infelizmente, não é exceção.
A manchete que diz que a morte de Michel Hagge "leva os Gabirabas para a UTI, mas Rodrigo Hagge deve respirar votos da comoção" capta perfeitamente o drama que se instala. A UTI é para o grupo; o respirador artificial de votos, para o neto.
A lealdade era a uma pessoa só. Michel Hagge não era apenas um político. Era uma instituição. Por mais de 40 anos, sua sombra pairou sobre Itapetinga. Seus seguidores, os "gabirabas", não eram apenas aliados; eram fiéis escudeiros. O velório, com pompas de chefe de estado, mostrou a devoção que ele inspirava. Os choros eram por ele, o "velho gabiraba".
Mas o que ficou claro naquela despedida foi um detalhe crucial: toda aquela lealdade e afeto eram dirigidos a Michel, e não ao seu filho, o prefeito Eduardo Hagge, ou ao seu neto, o ex-prefeito Rodrigo Hagge. Eles chegaram ao poder pela "graça do sobrenome", mas o coração da tropa batia por quem havia construído a lenda.
A persistência de Michel era a cola que mantinha o grupo unido. Ele derrotou eras rivais, se reergueu quando todos o davam como acabado e, em um golpe de mestre, uniu-se até a um adversário histórico para colocar seu neto Rodrigo na prefeitura. Foi uma jogada que mostrou seu poder de barganha até o fim. Ele arrastava multidões e mantinha sua legião ativa e orgulhosa.
Morre Michel Hagge, o líder político que mudou a história de Itapetinga, aos 97 anos (Click Aqui)
Agora, com sua partida, a realidade é dura: o grupo entrou em UTI. A esmagadora maioria dos gabirabas era leal a Michel, não a um projeto ou a um partido. Rodrigo Hagge, que é candidato a deputado estadual, tentou criar sua própria marca, a "Saruê", mas não colou. Enquanto o patriarca estava vivo, era ele quem comandava a legião.
Rodrigo ainda pode se beneficiar de um "respiro eleitoral". A comoção pela morte do avô pode render uma carga de votos remanescentes para ele em 2026. É o último suspiro de lealdade sendo transferido para o herdeiro de sangue.
No entanto, a partir daí, será cada um por si. A era dos gabirabas dificilmente resistirá até 2028. O grupo já está rachado em uma disputa familiar que acelera sua dissolução: de um lado, o filho de Michel, o prefeito Eduardo Hagge; do outro, o neto, Rodrigo. Eles estão apressando o fim do que o patriarca construiu, disputando os cacos de um império que não sobrevive sem seu rei.
A morte do líder não foi apenas a perda de um homem; foi o desmoronamento de um clã. E na UTI política em que se encontram, a briga pela herança pode ser o último suspiro.
É clã Hagge, é vida que segue...
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