Prefeito Eduardo Hagge se alinha a acusados de corrupção para neutralizar candidatura de Rodrigo Hagge

Em jogada arriscada, tio recorre a "Força Estranha" da política para derrotar o sobrinho e herdeiro político, fragmentando legado da família.

Prefeito Eduardo Hagge se alinha a acusados de corrupção para neutralizar candidatura de Rodrigo Hagge
Na Imagem: prefeito de Itapetinga Eduardo Hagge (MDB), Geddel Vieira Lima (MDB) e Secretario de governo municipal Geraldo Trindade (MDB).

Se a política local fosse uma canção, a nova aliança do prefeito de Itapetinga, Eduardo Hagge, seria uma melodia de difícil explicação. Não é preciso ser o rei Roberto Carlos para enxergar nela os acordes de uma “Força Estranha” que desafia a lógica. E, como na música de Jorge Vercillo, a trama é “fácil de entender”, a obsessão por neutralizar o sobrinho e ex-prefeito Rodrigo Hagge, mas se torna “difícil de explicar” diante dos personagens escolhidos para esse pacto.

O prefeito, em uma jogada que choca pelo seu desespero, decidiu se unir a figuras notoriamente marcadas pela corrupção para tentar impor uma derrota política ao ex-prefeito Rodrigo, que governou a cidade por oito anos. A estratégia, porém, mais parece uma “canoa furada”, navegando em águas turbulentas com uma tripulação auxiliar vista como incompetente e sem traquejo.

No centro do palco dessa aliança controversa está o ex-ministro do governo Temer, Geddel Vieira Lima, e seu irmão, Lúcio Vieira Lima. Ambos caíram em desgraça nacional após serem condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por envolvimento em esquemas de corrupção. Geddel chegou a cumprir pena em regime fechado, conhecendo de perto as celas da Papuda, em Brasília, e do Complexo Penitenciário da Mata Escura, em Salvador.

São essas “mãos leves”, ironicamente, pesadas pelos crimes que Eduardo Hagge acredita ter o prestígio para impulsionar as candidaturas de seus aliados em Itapetinga. O grupo inclui o primo de Geddel e Lúcio, o Jayme Vieira Lima, na corrida por uma vaga na Câmara Federal, e o ex-prefeito de Coronel João Sá, Carlinhos Sobral.

Sobral, por sua vez, é acusado pelo Ministério Público da Bahia (MP-BA) de estar no centro de um dos maiores esquemas de desvio de recursos públicos da história de seu município. Investigações apontam que pelo menos R$ 4,7 milhões foram movimentados por meio de contratos fantasmas com empresas de fachada, em um enredo clássico de fraudes em licitações, notas fiscais frias e serviços que nunca saíram do papel.

Enquanto constrói sua base aliada com a oposição tradicional e figuras de moralidade questionável, Eduardo Hagge pratica uma purga dentro de sua própria casa. Seguidores históricos de seu pai, Michel Hagge, falecido no início de outubro e patriarca da política local, estão sendo expulsos da Prefeitura. Expulsos, encontram abrigo direto no colo de Rodrigo Hagge, que acusa publicamente o tio de destruir o legado político do “velho gabiraba”.

Este não é apenas um conflito eleitoral; é um drama de família com tons de drama medieval, onde a ambição pelo poder presente rasga a herança do passado.

Enquanto o prefeito navega em mares tão perigosos, o ex-prefeito Rodrigo se movimenta com estratégia clara com a força oposicionista local. Encontra-se em fase final a formação de uma aliança entre a líder opositora Cida Moura (PSD) e o próprio Rodrigo Hagge.

Aliança Cida Moura e Rodrigo Hagge em momento decisivo após acertos sobre apoios em 2026 e 2028. 

O acordo é uma peça de xadrez político para os próximos anos: apoio de Cida à candidatura de Rodrigo a um cargo estadual em 2026, em troca do apoio do ex-prefeito à sua candidatura à prefeitura em 2028, com Rodrigo indicando ainda o nome para vice-prefeito em eventual chapa Cidista.

A trama em Itapetinga, portanto, segue seu curso. Enquanto Eduardo Hagge aposta suas fichas em parcerias que soam como um desafino musical, a plateia, o eleitorado, assiste a um espetáculo onde o drama político, a herança familiar e a sombra da corrupção se entrelaçam, prometendo um final eletrizante e, para alguns, amargo. Nesse enredo, o que fica é qual melodia irá prevalecer: a da “força estranha” ou a de uma nova e estruturada harmonia oposicionista.

É Itapetinga, é os Hagge, é vida que segue...