O presidente voltou a defender “liberdade total” para médicos receitarem tratamento precoce com 'Kit Covid'.
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| Ao estilo Rei Leão, presidente Jair Bolsonaro exibe caixa de cloroquina sob gritos e aplausos de seus seguidores. |
O Brasil passou mais de uma semana sem ouvir os besteiróis quase diários do presidente Jair Bolsonaro. A mudança de postura nesses últimos dias teve motivos óbvios, a ameaça do presidente da Câmara dos Deputados e aliado Arthur Lyra, que chegou a falar em remédio amargo e definitivo, contra a irresponsabilidade da gestão do governo federal na pandemia. Para um bom entendedor, suou com impeachment. Palavra essa, que faz Bolsonaro tremer na base.
O principio ativo impeachxetina, do impeachment, é um anti-surto capaz de parar o presidente, que chegou a levar calmaria nas redes sociais, tanto no Twitter como no Instagram ou em sua conta de Telegram, Bolsonaro anda comportado. Só tem postado nas redes as realizações do seu governo. Nada de polêmica que possa atiçar sua milícia digital nas redes.
Mas como todo medicamento tem efeito não duradouro, Jair Bolsonaro, volta a ter a seus delírios obsessivos por cloroquina. Nesta segunda-feira, (5) o presidente voltou a defender “liberdade total” para médicos receitarem tratamento precoce contra Covid-19. Mesmo Bolsonaro sendo alertado que o uso de cloroquina é comprovadamente ineficaz e só há um único caminho para deter o vírus mortal, a vacinação.
O ‘Kit Covid’ tão receitado pelo presidente, tiveram notificações na Agência Nacional Vigilância Sanitária (Anvisa) por efeitos adversos decorrentes do uso de medicamentos como cloroquina e hidroxicloroquina em 2020 dispararam na comparação com o ano anterior. Ao menos nove mortes foram notificadas, todas após março de 2020, depois do início da epidemia de Covid-19 no país. No caso da cloroquina, medicamento recomendado por Jair Bolsonaro, o aumento nas notificações por efeitos adversos foi de 558%.
O chamado “kit Covid” é um grupo de medicamentos fornecidos pelo governo federal a estados e municípios no qual estão remédios sem eficácia contra a Covid-19. São considerados os seguintes remédios: cloroquina, hidroxicloroquina e sulfato de hidroxicloroquina, azitromicina e ivermectina.
E para testar sua teoria que o medicamento esta salvando vidas, Bolsonaro disse que viajará nesta semana para Chapecó (SC) onde, segundo ele, o prefeito João Rodrigues (PSD) faz "um trabalho excepcional" no "atendimento na ponta da linha" de quem necessita de tratamento.
A prefeitura liderada por Rodrigues intensificou no início de 2021 uma campanha pelo chamado tratamento precoce, com uso de medicamentos do ‘Kit Covid’. Em Chapecó, já há relatos de pacientes com efeitos adversos decorrentes do uso desses medicamentos.
Sem conseguir dá uma dentro na crise sanitária, o presidente se apega em uma tabua da salvação para livrar sua cara da desastrada gestão na pandemia. Nessas últimas semanas, em momentos de rara lucidez, o presidente tem tentado se distanciar da defesa do chamado tratamento precoce. Mas quando o surto cloroquinal desencadeia, Bolsonaro sofre com frequentes crises de identidade e toma o papel de cientista em vez de presidente da republica.
