Racista e perseguidor: permanência de bolsonarista na Fundação Palmares será decido pela justiça

Racista e perseguidor: permanência de bolsonarista na Fundação Palmares será decido pela justiça

Sérgio Camargo, presidente da Fundação Palmares é acusado na Justiça de assédio moral, discriminação e perseguição ideológica.

Racista e perseguidor: permanência de bolsonarista na Fundação Palmares será decido pela justiça
Relatos de 16 servidores e ex-funcionários revelam uma rotina de humilhação e terror psicológico na gestão de Sérgio Camargo. O Fantástico teve acesso aos depoimentos.

Se você acha que já viu de tudo no governo Bolsonaro, está muito enganado. No comando da Fundação Palmares, criada para promover a consciência negra e elaborar políticas que possa por um fim na ignorância preconceituosa humana. Há na presidência do instituto um cidadão negro que envergonha sua própria descendência. 

Sérgio Camargo, um bolsonarista de ideologia de direita, carregado de ignorância que o levou a presidência da Fundação Palmares a perseguir servidores negros da instituição, com assédio moral e discriminação é alvo de denuncia do Ministério Público do Trabalho (MPT).

O MPT pediu o afastamento de Sérgio Camargo da presidência da Fundação Palmares por denúncias de assédio moral, perseguição ideológica e discriminação contra funcionários da instituição.

O pedido foi divulgado pelo Fantástico, da Globo, na noite deste domingo (29). Nos depoimentos divulgados pelo programa, funcionários do órgão dizem que Camargo associa pessoas de “cabelos altos” a malandros. Além disso, servidores concursados teriam pedido demissão por causa de um clima de terror psicológico criado na instituição sob o comando do atual presidente do órgão, que perseguiria o que ele define por "esquerdistas".

Funcionários ainda dizem que Camargo chamava um ex-diretor da Palmares de “direita bundão” por não exonerar “esquerdistas” da Palmares. Além do afastamento, o Ministério Público do Trabalho também pede que Camargo pague indenização de R$ 200 mil por danos morais, segundo a TV.

O presidente da Fundação Palmares começou a ser investigado por suspeita de assédio moral contra funcionários em março deste ano. O inquérito foi aberto pelo Ministério Público do Trabalho no Distrito Federal, que passou a ouvir mais de uma dezena de pessoas. A apuração, feita em sigilo, foi aberta após o MPT receber diferentes denúncias de perseguição ideológica.

Bolsonaro insiste em manter um racista preconceituoso na Palmares
Bolsonaro insiste em manter um racista preconceituoso na Palmares. (VEJA AQUI)

Nas redes sociais, Camargo se manifestou sobre temas relacionados à denúncia. Na tarde deste domingo (29), por exemplo, ele escreveu no Twitter que "ter orgulho do cabelo é ridículo para o negro". Mais tarde, à noite, escreveu que o negro orgulhoso de seu cabelo é um "fracassado a serviço do vitimismo".

No Twitter, Sergio Camargo tentou se defender dos ataques que o acusava de ser racista e preconceituoso. Camargo, chegou a ser chamado de "macaco" por outro internauta negro e seguiu a disparar contra negros de esquerda.  “A Palmares é uma instituição do Brasil, não uma senzala da esquerda.” Dizia em uma das postagens. E segue: "O verdadeiro inimigo do negro não é o branco, é a esquerda."

Em outra publicação, afirmou que Ministério Público do Trabalho não tem competência para investiga-lo: “O MPT não tem autoridade para investigar servidores ou pessoas em cargos comissionados, pois somos regidos pelo estatuto, não pela CLT.”

Camargo seguiu seus ataques e mirou na reportagem do Fantástico, da Globo. “Rico não faço ideia, mas que a matéria do corrupto e desonesto Fantástico, ironicamente, me fortalece, disso não tenho dúvida! São racistas e gostam de pretos na sua coleira. Comigo, não!”.

Sérgio Camargo, retrucou seus acusadores na Fundação Palmares: “As acusações partiram de militantes vitimistas e traíras. Há duas cartas públicas em minha defesa assinadas por todos os servidores da Palmares!”

Após a reportagem da TV Globo, ele escreveu nas redes sociais que, após a divulgação da denúncia e do pedido de afastamento da direção da Palmares, ouviu sonatas de Franz Schubert. Na mesma publicação, chamou pessoas de esquerda de "vermes".

Nomeado por Roberto Alvim, ex-secretário especial da Cultura, em novembro de 2019, Camargo acumula polêmicas e toma decisões questionadas na Justiça desde que foi escolhido para o cargo. Ele chegou a deixar a presidência da fundação no mês seguinte à nomeação, após a Justiça acatar uma ação civil que pedia a sua suspensão. O pedido dizia que ele contrariaria o cargo em razão de suas várias críticas feitas a Zumbi dos Palmares e ao movimento negro. Em 2020, no entanto, o STJ, derrubou a decisão.