2024, será decisivo para o futuro dos Hagge na política de Itapetinga

2024, será decisivo para o futuro dos Hagge na política de Itapetinga

Sobrevivência dos Hagge na política dependerá da eleição 2024, em caso de derrota será o fim do clã na Prefeitura de Itapetinga.

2024, será decisivo para o futuro dos Hagge na política de Itapetinga
Família Hagge está militando na política há mais de 41 anos em Itapetinga e terá eleição decisiva para sobrevivência do clã.  

Toda história tem um inicio, e essa começa em 15 de novembro 1982, quando o ex-vereador e pecuarista Michel Hagge disputava pela primeira vez a tão cobiçada vaga de prefeito pelo PMDB. A jornada para chegar a Prefeitura de Itapetinga não era fácil, no meio do caminho de Hagge uma candidatura vista na época como imbatível ganhava a simpatia de fazendeiros, empresários e populares em uma chapa composta por Felício Brito e o vice-prefeito Fernando Barcelos, empresário respeitado e dono da única emissora de rádio da cidade, a então poderosa Rádio Jornal de alcance que ultrapassava fronteiras estaduais: Minas Gerais, Sergipe, Goiás e Pernambuco. Mas uma tragédia a 45 dias da eleição mudaria o curso da história a favor do ex-vereador e o levaria a sentar na cadeira de prefeito de Itapetinga pela primeira vez.

A tragédia que marcou a Bahia no inicio dos anos 80, a queda de helicóptero que matou o candidato a govenador Clériston Andrade na serra de Caatiba, também, ceifaria a vida do empresário Fernando Barcelos, seu prestígio com a alta cúpula da política baiana o fez parte da comitiva, onde foi vítima de um acidente que abalou a política da Bahia e Itapetinga.

A bate na serra de Caatiba o impacto violento destroçou a aeronave mantados instantaneamente todos os políticos e tripulantes baianos. 

Em Itapetinga, Fernando Barcelos havia reunido o do melhor da política local para campanha de Felício Brito. Tudo estava pronto para eleição, mas em 01 de outubro 1982, a morte do dono da Rádio Jornal derrubaria os pilares construídos por Barcelos, levando grande parte empresarial e do agro a simpatizar pela campanha de Michel Hagge, o vencedor da eleição municipal no feriado da República daquele ano.

Michel Hagge construiu sua primeira gestão sobre uma linha de marketing mentirosa, mas contada mil vezes se tornaria verdade. Com caixa da Prefeitura vazio e endividada pela última gestão José Vaz Espinheira e sem uma lei de transparência na época maioria das obras empregadas no município era sob “recursos próprios”, dizia a propaganda do governo municipal. Mas na verdade eram recursos dos governos federal e estadual em uma gestão que durou 6 anos, devido a eleição tampão que separaria as eleições presidências e Congresso das municipais.

Considerada uma boa administração, Michel Hagge faria seu sucessor, o médico José Marcos Gusmão que ao fim do mandato tornaria se inimigo político dos Hagge. Pronto, para dá o troco pela traição do prefeito Gusmão, Michel se candidata a prefeito na eleição de 1992, e eleito em um pleito disputado contra o médico José Otavio Curvelo.

No segundo mandato e sobre novas leis que daria transparência as administrações municipais, Michel Hagge já não mostrava a mesma aptidão administrativa do primeiro mandato. Sua gestão foi voltada ao empreguismo de correligionários e de poucos resultados em investimentos no município. Empreguismo que ajudou a construir uma massa de seguidores que os classificam de gabirabas. Um rebanho, que traria votos, mas não suficiente para conquistar uma eleição, como na derrota do candidato de Hagge, Rômulo Coelho para o médico José Otavio Curvelo que governou a cidade por 8 anos.

Mesmo com impecável gestão, José Otavio não conseguiu eleger em 2004 seu vice-prefeito José Carlos Moura, derrotado em uma eleição disputada voto as voto com Michel Hagge. O velho Gabiraba estaria de volta para um terceiro mandato em uma trágica gestão administrativa qualificada na época como umas das piores de todos os tempos. A péssima gestão de Michel levaria o gabiraba receber uma humilhante derrota nas urnas para o ex-vice-prefeito José Carlos Mouras que governou a cidade por dois mandatos.

A decadência do gabirabismo e a recusa de José Otavio de se lançar candidato a prefeito deixou a política de Itapetinga no ermo. Sem rumo, as maiores lideranças políticas da cidade eram ex-prefeito rivais inimigos no abismo político e sem força de um nome para vencer uma eleição municipal.

União entre ex-político rivais foi responsável pelo retorno dos gabirabas a Prefeitura de Itapetinga sobre um acordo de alternância de candidaturas entre MDB e União Brasil selados pelos ex-prefeito Michel Hagge e José Otavio Curvelo.

Então, no inicio de 2016, surge a ideia de unir inimigos política sobre uma acordo de alternância de candidaturas entre Gabirabas e ZéOtavistas, com inicial de pesquisa para decidir que seria o cabeça de chapa: Rodrigo Hagge, neto do velho gabiraba e Renan Pereira expoente ZéOtavista. No levantamento de opinião deu jovem Rodrigo, que venceu uma eleição com a força dos dois grupos políticos.

Reeleito, sobre uma bandeira de gestão “café com leite” de manter a maquina funcionado e por falta de concorrência de candidatura promovida pelo racha opositor na eleição 2020. Rodrigo Hagge repete as péssimas gestões do seu avô, mas, essa, com um diferencial administrativo do velho gabiraba, o jovem prefeito é o primeiro da história da Prefeitura a virar réu por corrupção na justiça e suspeitos de outros atos corruptos. Mesmo sob fortes acusações, Rodrigo tenta emplacar seu próprio tio, Eduardo Hagge como candidato a prefeito em 2024, em um gesto de transformar a Prefeitura de Itapetinga em um negócio de família.

Como na eleição 2008, se decidir por Eduardo Hagge, os Hagge deve enfrentar outro Moura, a ex-primeira-dama Cida Moura, esposa de José Carlos Moura. Cida é franca favorita em todas as pesquisas, onde os governistas da aliança MDB/União Brasil amargam uma segunda e terceira colocação distante da primeira colocada.

A jornada dos Hagge para eleição 2024 é muito mais árdua do que se imagina. A existência de briga interna entre União Brasil e MDB pela cabeça de chapa após Rodrigo Hagge dá sinais de quebra de acordo de 2016, pode levar a um racha com os ZéOtavistas, que na prática deixaria os gabirabas sozinhos na eleição, e com uma candidatura de Eduardo Hagge apoiado por um prefeito desgastado e um grupo emedebista sem a mesma força do passado.

Aliança ameaçada por diversas tentativas de quebra de acordo entre Gabirabas e ZéOtavistas.
Aliança política ameaçada por diversas tentativas de quebra de acordo entre Gabirabas e ZéOtavistas

Com temor de uma racha antes das eleições, o prefeito Rodrigo Hagge joga na espera por Cida Moura. Se a ex-primeira-dama, não for candidata, o candidato com, ou, sem aliança será Eduardo. Caso Cida seja a opositora na disputa o candidato é o vice-prefeito Renan Pereira (União Brasil), no qual, o atual gestor colocaria a culpa pela derrota no vice. Uma válvula de escape para não ser atingindo por um vexame nas urnas. Algo pouco provável já que a culpa geralmente é de quem está no poder.

Não restam dúvidas que a sobrevivência dos Hagge na política de Itapetinga está nessa eleição. Com José Otavio dando sinais de aposentaria na política, e o velho gabiraba sem força físicas devido avançar da idade de 96 anos, o retorno de Rodrigo Hagge a Prefeitura em 4 ou 8 anos depois é duvidoso ao deixar um ranço de deslealdade e falta de compromisso com seus aliados de hoje.

Rodrigo Hagge é Michel na política, sem o velho político o gabirabismo se desfaz como sua maior liderança. Foi assim, ACM que enterrou o carlismo na Bahia, será assim, com o velho gabiraba.

Vida que segue....