Índios relatam que PMs abriram caminho para milícia de fazendeiros matar índia Pataxó em Itapetinga

Índios relatam que PMs abriram caminho para milícia de fazendeiros matar índia Pataxó em Itapetinga

A site índios narram 'caçada' aos indígenas por PMs e fazendeiros que culminou com assassinato de Nega Pataxó.

Índios relatam que PMs abriram caminho para milícia de fazendeiros matar índia Pataxó em Itapetinga
Policia Civil e Federal investigam assassinato de indígena na região de Itapetinga.

Em entrevista ao Brasil de Fato, índios da etnia Pataxó Hã-hã-hãe relataram ao site que a Polícia Militar (PM) abriu caminho para uma milícia fazendeiros da região atirar contra indígenas incluindo idosos e crianças. Os próprios policiais também teriam efetuado disparos de arma de fogo, de acordo com as testemunhas indígenas.

Em conversa exclusiva com o Brasil de Fato, sobreviventes descrevem uma “caçada” aos indígenas protagonizada por policiais e fazendeiros. Na defesa da PM afirmou ao site que "encontrou" as duas vítimas baleadas Nega Pataxó e o Cacique Nailton. Os depoimentos, no entanto, indicam que os policiais estavam presentes no momento da morte.

A narrativa da Policia Militar que só apareceu no local depois da morte de Fátima Muniz de Andrade, conhecida como Nega Pataxó não batem com as declarações indígenas que acusa a PM de conivências com ruralistas no ataque aos índios.

“O comandante [da PM] conversou com eles [fazendeiros] e mandou tirar as viaturas da frente. As viaturas saíram. Ele [comandante] pegou a tropa dele e dividiu. Botou uma tropa para um lado e outra para outro. E o povo [fazendeiros e milicianos armados] passou”, afirmou uma das testemunhas indígenas.

A mesma situação é narrada por outro sobrevivente: ”A polícia mandou as viaturas saírem da frente de nós. E aí entrou os fazendeiros com os pistoleiros. E aí foram batendo em nós, machucando criança, gente de idade. E foi atirando até atingir dois caciques”, conta a segunda testemunha.

Fazendeiros de Itapetinga e região agiram como milicianos ao tentarem expulsar índios à bala (VEJA AQUI)

Uma terceira vítima disse: “A polícia praticamente foi segurança dos fazendeiros. A polícia estava atirando também e estava lá com eles [fazendeiros]. Estavam rindo. Eles [policiais] estavam dando proteção para eles [fazendeiros]”.

Estes e outros relatos foram colhidos pelo Brasil de Fato durante o velório da vítima no município de Potiraguá (BA). O ataque dos ruralistas ocorreu no último domingo (21). Um filho de fazendeiro de 20 anos e um policial aposentado foram presos em flagrante pela suspeita do crime.

Em fase de investigação a polícias Civil da Bahia e Policia Federal apontam a liderança do ‘Movimento Invasão Zero’ de Ilhéus Luiz Uaquim como um dos chefões da milícia armada de ruralistas. A PF foca também na milícia de Itapetinga sob o comando do pecuarista e presidente do Sindicato Rural de Itapetinga Helder Resende.

Ao contrário do que sugeriu a PM, o fazendeiro Uaquim afirmou que policiais já estavam no local do conflito quando fazendeiros chegaram.