Análise: PSD é a única oposição em Itapetinga, mas para ter força precisa liderar o poderoso grupo das redes sociais

Sozinha na Câmara, PSD precisa aumentar seu poder de influência no campo virtual com apoio de militantes digitais para efetivar sua liderança na cidade.

Análise: PSD é a única oposição em Itapetinga, mas para ter força precisa liderar o poderoso grupo das redes sociais
Legenda do PSD de Itapetinga, é controlada pela família Moura sob influência da líder opositora Cida Moura. 

Em menos de quatro meses, a gestão gabirabista de Eduardo Hagge (MDB) transformou-se em um verdadeiro manual do como não governar. O que era para ser o triunfo do gabirabismo tornou-se um palco de erros consecutivos, mancadas estratégicas e uma crise de credibilidade que já assombra até os aliados mais fiéis. A popularidade do prefeito despenca em ritmo acelerado, enquanto a oposição, fortalecida pelas redes sociais, capitaliza cada novo episódio de crise administrativa e política.

Nas ruas, o descontentamento é palpável. Nas redes, virou espetáculo. Grupos opositores remanescentes da eleição de 2024, agora encontram no caos da gestão Hagge um combustível perfeito para alimentar o desgaste diário do governo municipal. E o mais grave: não há um só vereador disposto a levantar a voz em defesa enfática do prefeito. O silêncio dos aliados no legislativo é sintomático ou seria estratégico?

Enquanto Eduardo Hagge patina em meio as crises fabricadas pela própria Prefeitura, a oposição fatura com sucesso nas redes sociais, fato que destoa de um protagonismo do PSD de Itapetinga que mesmo sendo principal voz de oposição na cidade, não consegue assumir a liderança de um poderoso movimento oposicionista que ganha força diariamente nas redes sociais.

Nos últimos meses, críticas à administração Eduardo Hagge têm viralizado em plataformas como Instagram, Facebook e WhatsApp, impulsionadas por perfis independentes e grupos organizados de eleitores contrários à atual gestão. Essas manifestações, muitas vezes agressivas e sem uma liderança clara, revelam um descontentamento latente na população, mas carecem de coordenação política.

O PSD sob a liderança da família Moura, como único partido com representação na Câmara de Vereadores a se posicionar consistentemente contra o governo municipal, tem a oportunidade de canalizar esse descontentamento para uma oposição estruturada. No entanto, até agora, o partido não conseguiu estabelecer uma narrativa única ou comandar as discussões online, onde o debate é dominado por ativistas digitais e influenciadores locais.

Oposição domina as redes contra gestão gabiraba mesmo com saída de vereadores
Oposição domina as redes contra gestão gabiraba mesmo com saída de vereadores (VEJA AQUI)

Enquanto isso, a situação preocupa a base aliada do prefeito Eduardo, que monitora o crescimento da insatisfação popular. Estratégias de comunicação oficial têm sido reforçadas para combater as críticas, com pessoas em cargos de confiança na Prefeitura a assumir o papel de defesa da administração, com publicações de ações e respostas rápidas a críticas, mas esbarra no poderoso contra-ataque opositor que não permite prosperar uma agenda positiva.

Antes mesmo de assinar o termo de posse como prefeito de Itapetinga, Eduardo Hagge (MDB) e seu círculo de auxiliares arquitetaram um golpe estratégico para esvaziar a oposição: seduziram quatro dos seis vereadores eleitos pelo campo adversário, transformando o Legislativo em um "ninho" de aliados.

Apesar de contar com 13 vereadores governistas em um Parlamento de 15 cadeiras, a primeira linha de defesa do governo emedebista já dá sinais de fragilidade. A base aliada, cada vez mais desgastada e sem influência sobre o eleitorado, enfrenta um paradoxo: o excesso de poder pode ter gerado seu próprio veneno.

Os nomes que selaram a traição são conhecidos: Tiquinho Nogueira (PSD), Sibele Nery (PT), Sol dos Animais (Solidariedade) e Daniel Lacerda (Podemos) todos eleitos pela oposição, mas que, em um movimento calculista, abraçaram o ex-inimigo Hagge, o mesmo homem que tentaram derrotar nas urnas.

A manobra, porém, não passou em branco. O eleitorado oposicionista, traído e desiludido, começou a se descolar dos políticos e partidos, assumindo um papel ainda mais ativo no desmonte da atual gestão. Enquanto Hagge celebrava seu domínio quase absoluto no Legislativo, a rua começava a ferver sob influência opositora nas redes sociais.

Para analistas políticos, o PSD precisa urgentemente modernizar sua comunicação e ocupar os espaços digitais se quiser transformar o ruído das redes em um projeto político coerente. Caso contrário, corre o risco de ver seu papel de principal oposicionista ser usurpado por figuras independentes, nem sempre alinhadas com os interesses do partido.

Enquanto a disputa por narrativa se acirra, uma coisa é certa: em Itapetinga, a guerra política não se limita mais ao plenário da Câmara. Ela está sendo travada, cada vez mais, no campo volátil das redes sociais.

É oposição, é PSD, é vida que segue...