Os esqueminhas de bastidores de Itapetinga.
Além do caixão, tem o enterro
Parece piada de mau gosto, mas é a pura realidade: desde o início de abril, o prefeito de Itapetinga, Eduardo Hagge (MDB), decidiu que até a eternidade tem preço e, pelo visto, está com a tabela em dia. Por meio do Decreto Municipal n.º 231/2025, a gestão municipal reajustou os valores dos sepultamentos, e agora os familiares dos finados podem desembolsar de R$ 500,00 a R$ 1.500,00 para garantir que seu ente querido tenha um cantinho mais ou menos confortável nos cemitérios da cidade.
![]() |
Prefeito de Itapetinga reajusta taxa de enterro. |
A nova tabela funerária da cidade [veja integra do Decreto] é quase um cardápio de restaurante, só que, em vez de pratos, você escolhe por quanto tempo seu falecido vai ficar debaixo da terra. Quer um exemplo? No Cemitério do Parque da Eternidade (nome irônico, considerando que até a morte tem prazo de validade), um túmulo individual por quatro anos vai custar R$ 1.500,00. Ou seja, se o falecido resolver ficar um pouco mais, a família paga anualmente uma taxa extra, equivalente a 50% do valor inicial do contrato.
A aquisição de um ossuário individual envolve a compra de um espaço específico para a guarda de restos mortais após exumação, ficará por 800 reais.
Gaveta para urna mortuária (quatro anos de "hospedagem"): R$ 500,00.
Mas há opções mais econômicas para os enlutados em crise: ‘cova rasa’ a versão fast-food dos enterros, de menos palmos de terra: pela bagatela de R$ 200,00.
E para quem quer um espaço em um cemitério para a guarda de restos mortais de familiares, geralmente após a exumação. Uma alternativa para famílias que não possuem jazigos perpétuos ou que desejam reutilizar um jazigo, o custo será de R$ 1 mil.
Enquanto isso, o prefeito Eduardo Hagge segue firme na missão de provar que, em Itapetinga, até a morte é um negócio lucrativo. E se você acha isso um absurdo, pode reclamar, mas, por favor, só depois de morto, porque aí o problema já será dos outros.
PS: Aos meus familiares, fica o recado: “cova rasa” é sacanagem.
O ranço da Titia
Além de levar um drible de chapéu da primeira-dama, o prefeito Eduardo Hagge agora enfrenta outra encrenca: a revolta dos moradores do recém-batizado "Zito Gomes, ex-Quintas do Sul". O bairro, que herdou o nome do ex-sogro do prefeito, sem qualquer consulta popular, claro, agora ganhou as redes sociais por um motivo menos nobre: virou um parque aquático em dias de chuva.
Em período de chuvas, as ruas se transformam em rios de lama, invadindo casas e destruindo os poucos móveis que sobraram. O que antes era só um desconforto silencioso virou um reality show de revolta, com moradores postando vídeos que mais parecem cenas de um filme catástrofe com doses de drama político.
E o despertar da comunidade foi digno de roteiro de novela das nove. Insatisfeitos, os moradores rebatizaram o bairro de "Zito Lama", em uma homenagem nada carinhosa ao vereador Tiquinho Nogueira (PSD) autor da proposta que agradou à primeira-dama, Zezé Hagge, sim, a mesma que deu o chapéu no prefeito. A dupla desafiou os moradores para impor a mudança do nome, mas parece que a natureza e a internet estão do lado do povo.
Enquanto Eduardo Hagge tenta conter a fúria popular, a lama sobe, as críticas viralizam, e o bairro que já foi só um endereço virou símbolo de uma administração que, literalmente, não consegue segurar a enxurrada.
Moral da história: o prefeito sofre as consequências do ranço da vaidade da possível ex-primeira-dama no despertar dos moradores do Quintas do Sul contra administração.
Social Plugin