Após fiasco, Eduardo Hagge rever plano de emprego na Prefeitura à aliados de vereadores

Medida do prefeito de Itapetinga é conter mais danos a sua imagem após fracasso de mobilização a evento com governador.

Prefeito Eduardo Hagge (MDB) em evento de abertura no Parque de Exposição de Itapetinga.

A tentativa de mobilização liderada pelo prefeito de Itapetinga, Eduardo Hagge (MDB), durante o evento com o governador Jerônimo Rodrigues (PT), no Parque da Lagoa, foi salva do vexame absoluto graças às comitivas de prefeitos da região. O que era para ser uma demonstração de força política acabou por escancarar, mais uma vez, a fragilidade de uma gestão que tropeça nas próprias promessas e na crescente insatisfação de sua base aliada.

Diante do esvaziamento político e do descontentamento generalizado, Eduardo Hagge decidiu recorrer a uma fórmula antiga, quase folclórica na política municipal: oferecer empregos temporários na Prefeitura de Itapetinga como moeda de fidelidade. A proposta que deve ser apresentada aos vereadores da base aliada envolve contratos de apenas cinco meses em secretarias municipais, com salários mínimos, válidos de julho a novembro. A promessa inclui ainda uma espécie de “volta garantida” em maio de 2026, estrategicamente alinhada ao calendário eleitoral, com fim dos contratos previstos após a eleição.

Comitivas regionais livram Eduardo Hagge do vexame de público em evento com governador
Comitivas regionais livram Eduardo Hagge do vexame de público em evento com governador (VEJA AQUI)

Desde que assumiu o comando do Executivo Municipal, Eduardo tem conduzido os vereadores com uma política de "banho-maria", feita de promessas não cumpridas e expectativas frustradas. A média de 20 cargos por parlamentar, acordada nos bastidores, jamais se concretizou. O resultado? Vereadores pressionados por seus cabos eleitorais e uma base cada vez mais desmotivada, sustentada apenas por aparências. Eles fingem estar com o prefeito; o prefeito finge estar no controle.

O plano, que deveria ser mantido em sigilo absoluto, acabou vazando, e não agradou. A reação foi imediata. Vereadores que tiveram conhecimento do plano Hagge, já desconfiados, classificaram a medida como uma “piada de mau gosto”, ao descobrirem que poderiam indicar no máximo 10 nomes. Um número irrisório diante das promessas feitas na campanha e das expectativas dos grupos que ajudaram a eleger Eduardo. Estima-se que mais de 3 mil pessoas contratadas na gestão do antecessor Rodrigo Hagge (MDB) ficaram de fora da atual administração.

Eduardo Hagge precisará, em breve, de um grupo político forte para pedir votos aos seus candidatos nas eleições de 2026: presidente, governador, senador, deputados federais e estaduais. O problema é que ele não tem estrutura política sólida para isso. Parte dos vereadores de sua base evita apoiar candidatos ligados ao PT, incluindo o próprio governador Jerônimo Rodrigues, outra, apoiam aliados petistas, mas, não acompanha o federal do prefeito, salvo, o estadual se for Rodrigo Hagge. Esse distanciamento ideológico só amplia o abismo entre os interesses do prefeito e a realidade política do seu grupo.

E pra piorar, a líder da oposição, Cida Moura (PSD), já tá dando sinais de que pode entrar no jogo apoiando o deputado federal Antônio Brito (PSD). Se isso vingar, Eduardo vai ter que correr atrás do prejuízo pra segurar os votos do seu deputado, Jayme Vieira Lima (MDB). E todo mundo sabe: em Itapetinga, quando um político toma um tombo nas eleições gerais, o estrago costuma aparecer na eleição municipal seguinte. Se prefeito não se ligar, pode acabar enterrando de vez suas chances de reeleição, ou até de indicar um sucessor.

Enquanto o prefeito tenta tapar os buracos com migalhas, o clima na base aliada tá cada vez mais "cada um por si". Se Eduardo não acordar, pode acabar descobrindo que, em política, quem fica devendo, ou paga, ou se afunda. E, pelo jeito, a conta tá chegando, e dessa vez, pode ser sem desconto.