Superlotação e taxação abusiva fazem restos mortais desaparecerem em cemitérios de Itapetinga

Enquanto o município não amplia cemitérios, Prefeitura de Itapetinga cobra até R$ 1.500 anuais para famílias não perderem seus mortos. 

Cemitério Parque da Eternidade de Itapetinga. 

No Brasil, o Dia de Finados é um momento sagrado para honrar os que se foram. Mas em Itapetinga, a prefeitura, sob o comando de Eduardo Hagge, decidiu que até o direito de chorar os mortos deve ter preço e alto. Com um decreto que impõe uma super taxação abusiva sobre sepultamentos, a gestão municipal transformou o cemitério em um espaço só para quem pode pagar.

A medida, disfarçada de ajuste fiscal, na prática expulsa os mortos pobres de suas próprias covas. Se antes a dor da perda era atenuada pela certeza de um descanso digno, agora famílias são obrigadas a encarar mais um abuso, com ameaça de ter seus entes queridos literalmente despejados por falta de condições de arcar com os novos valores.

Em Itapetinga, o luto virou luxo, com uma taxa anual de R$ 1.500,00 para manter um ente querido no túmulo por mais tempo, a Prefeitura transformou o direito à memória em privilégio de quem pode pagar. Para as famílias pobres, resta o desamparo, sem condições de arcar com o custo abusivo, elas perdem até o direito de visitar os seus mortos.

Taxação de ‘mortos’ em Itapetinga empareda prefeito Eduardo Hagge nas redes sociais
Taxação de ‘mortos’ em Itapetinga empareda prefeito Eduardo Hagge nas redes sociais (VEJA AQUI)

No Dia das Mães, um filho foi ao Parque da Eternidade, no bairro Nova Itapetinga, para visitar a mãe falecida. Em vez de flores e saudade, recebeu um cenário de horror: o túmulo estava vazio, os ossos haviam sumido. A administração do cemitério, sem qualquer pudor, pediu que ele "voltasse outro dia" como se restos mortais fossem um documento extraviado.

Esse caso não é isolado. A superlotação dos cemitérios de Itapetinga, somada à ganância da Prefeitura com taxas abusivas, criou uma corrida desumana para desocupar covas antes mesmo da decomposição completa. Quem não paga, vê seu ente querido sumir no burocrático vácuo da gestão municipal.

O que acontece em Itapetinga é a negação do próprio sentido do Dia de Finados. Como homenagear quem partiu se os corpos são tratados como lixo a ser removido? Como chorar em um túmulo que pode ser esvaziado a qualquer momento por falta de pagamento?

A Prefeitura, em vez de expandir cemitérios ou buscar soluções dignas, prefere cobrar pela dor. O resultado? Pobres não só enterram seus mortos, mas são obrigados a enterrar também a própria memória.

Enquanto isso, parte dos vereadores aliados ao prefeito de Itapetinga Eduardo Hagge se calam como se o problema não fossasse deles. 

É morte, é vida que segue...