Para formar novo grupo, Eduardo Hagge rompe com gabirabas e abre os braços para opositores

 Eduardo Hagge e a engenharia da implosão gabiraba.

 

Para formar novo grupo, Eduardo Hagge rompe com gabirabas e abre os braços para opositores
Esforço do prefeito de Itapetinga Eduardo Hagge (MDB) para romper com grupo político criado pelo seu pai, o ex-prefeito Michel Hagge (MDB).

O prefeito de Itapetinga, Eduardo Hagge (MDB), decidiu inaugurar um novo modelo de liderança política: o de um governante que perde aliados, corteja adversários e acredita que dividir a própria base é uma estratégia de poder.

É um plano engenhoso, se a intenção for transformar a Prefeitura de Itapetinga numa fábrica de crises.

Eduardo é filho de Michel Hagge (MDB) e tio de Rodrigo Hagge (MDB), ambos ex-prefeitos que construíram carreiras na base do pragmatismo e da disciplina eleitoral. Herdou o sobrenome, mas não a habilidade política. Para mostrar que tem grupo próprio, resolveu dar as costas aos gabirabas de décadas, corrente histórica que sustentou o clã, e apostar em opositores derrotados, atraídos a peso de cargos na administração municipal.

Prefeito Eduardo Hagge leva recado duro de vereadores aliados: sem maioria, não governa (Click Aqui) 

A operação lembra o velho dividir para conquistar. Só que, em Itapetinga, Eduardo conseguiu um feito inédito: dividir para enfraquecer a si mesmo.

Na eleição para a presidência da Câmara, o prefeito resolveu meter a mão no tabuleiro. Interferiu, rachou e ganhou. Mas a vitória saiu cara: perdeu o apoio da maioria dos vereadores do seu próprio partido. Hoje, o saldo é um Executivo com menos amigos e mais inimigos dentro da própria trincheira.
Resultado: um prefeito isolado, que já experimenta derrotas com seus vetos derrubados no Legislativo e precisa negociar cada movimento como quem paga pedágio político.

Sem apoio em casa, Eduardo investe nos ex-adversários. Dá cargos, abre portas, promete espaço. O problema é que adesão de gabinete não se converte, necessariamente, em voto de rua. Os novos aliados dificilmente carregarão os eleitores de Cida Moura (PSD) para o colo do prefeito.

Em política, quem troca de lado pode até conseguir emprego, mas dificilmente transfere eleitorado.

Enquanto isso, Rodrigo Hagge, ex-prefeito e sobrinho do atual, assiste ao espetáculo da ingratidão. Foi ele quem articulou a candidatura de Eduardo, mas hoje corre o risco de disputar uma vaga na Assembleia Legislativa sem o apoio do tio. O clã que marchava unido agora se vê fraturado por dentro.

Do outro lado, Cida Moura não precisa se mover. Basta assistir. O prefeito faz por ela o trabalho da oposição: racha os gabirabas, perde base na Câmara e entrega a narrativa.

Se alguém queria saber como terminaria a hegemonia dos gabirabas em Itapetinga, a resposta está escancarada. Não será pela força da oposição, mas pelo improviso de um prefeito que confundiu liderança com isolamento.

Gabirabas divididos não elegem ninguém. E um prefeito isolado, sem grupo e sem rumo, pode até escrever história, mas será a história de uma implosão anunciada.