Nos bastidores de Itapetinga, futuras alianças para 2026 e 2028 são moeda de troca, enquanto um racha na família Hagge é complicador no tabuleiro.
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Na imagem: ex-prefeito de Itapetinga Rodrigo Hagge (MDB) e a líder opositora Cida Moura (PSD). |
Na política itapetinguense, onde as rivalidades são herdadas e os acordos, costurados com fios de ambição, uma das cenas mais aguardadas dos bastidores está prestes a se concretizar. Líderes que foram adversários ferrenhos na eleição municipal do ano passado, a oposicionista Cida Moura (PSD) e o ex-prefeito Rodrigo Hagge (MDB), estão em vias de fechar uma aliança para a campanha estadual. Segundo fontes próximas aos dois lados, é "questão de tempo", mas os detalhes revelam um quebra-cabeça de interesses nacionais e locais que vai muito além de um simples aperto de mãos.
O que está em jogo é a reedição de uma poderosa aliança que elegeu Rodrigo Hagge em 2016, unindo a base do ex-prefeito José Otavio Curvelo (União Brasil) e o MDB do clã Gabiraba, liderado pelo avô de Rodrigo, Michel Hagge. No entanto, o cenário atual é mais complexo.
O ponto central das negociações é o palanque nacional. Aliados de Cida Moura deixam claro que ela não abre mão de apoiar os petistas: presidente Lula, o governador Jerônimo Rodrigues e os senadores Jaques Wagner e Rui Costa. Do lado de Rodrigo, a contrapartida em discussão seria uma neutralidade em relação à Presidência e ao Senado. Supostamente, o ex-prefeito não entraria na linha de frente contra Lula, mas também não abriria mão de apoiar em Itapetinga o ex-prefeito de Salvador, ACM Neto (União Brasil), com quem alega ter um acordo desde a campanha passada a governador da Bahia.
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As tratativas, porém, miram um horizonte mais longo: 2028 . O acordo envolveria um plano de sucessão municipal, no qual Cida Moura seria novamente candidata a prefeita, com Rodrigo Hagge a indicar o vice-prefeito, ou ele mesmo sendo o candidato a vice na chapa, caso sua incursão na Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA) não frutifique. É uma jogada de futuro, típica de quem enxerga a política como um jogo de xadrez permanente.
Enquanto Cida e Rodrigo tentam se alinhar, um obstáculo familiar ameaça a estratégia: o racha com o prefeito em exercício, Eduardo Hagge, tio de Rodrigo. Aliados do ex-prefeito avaliam como "difícil" uma reconciliação, dado o "desprezo" que Eduardo demonstra pelos antigos correligionários que o elegeram, incluindo os próprios Gabirabas. O comportamento do prefeito, que despreza aliados de campanha e vereadores de seu próprio partido, é visto como o fator mais imprevisível. O racha ficou claro quando o próprio Rodrigo alertou Cida Moura sobre seu desembarque do MDB, planejando filiar-se a uma legenda menos competitiva para a disputa estadual.
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A projeção é que Rodrigo Hagge precise de pouco mais de 30 mil votos no estado. Com o apoio de Cida, que pode agregar mais de 18 mil votos só em Itapetinga, o caminho para a Assembleia Legislativa fica significativamente mais fácil a depender da legenda, já que o ex-prefeito tem garantido apoio de deputados federais em fazer dobradinhas em algumas cidades do interior da Bahia.
Tudo, portanto, está na mesa. Cada rodada de conversa avança em temas considerados "fáceis de gerir". A peça que não se move conforme o esperado, no entanto, é justamente a que pode desequilibrar todo o tabuleiro: a vontade política de um Hagge contra o outro.
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