Ex-prefeito, sem máquina e com tio aliado do PT, vê seu projeto estadual e de fazer Neto governador esbarrar na popularidade do petista.
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| Então prefeito de Itapetinga Rodrigo Hagge e o candidato a governador da Bahia ACM Neto (União Brasil) na eleição 2022. |
Uma pesquisa interna na região de Itapetinga joga um balde de realidade gelada nos planos do ex-prefeito Rodrigo Hagge. O sonho de ser deputado estadual e, ao mesmo tempo, ser o grande coordenador da campanha de ACM Neto ao governo da Bahia na região está enfrentando um obstáculo chamado Luiz Inácio Lula da Silva.
Os números são um pesadelo para qualquer estrategista de direita: Lula tem uma frente larga das intenções de voto no município. De cada 10 eleitores, 6,8 preferem o presidente. Essa força petista no topo da pirâmide eleitoral é um veneno para Rodrigo Hagge. Na Bahia, o voto em Lula costuma arrastar a legenda para baixo, beneficiando os demais candidatos da esquerda, inclusive para governador.
Brigas dos Hagge põem em xeque o sucesso eleitoral de Jerônimo em Itapetinga
Aqui mora o drama Rodrigo. Em 2022, o então prefeito conseguiu um feito: levou Itapetinga a dar uma vitória esmagadora de 60% para ACM Neto, que abriu uma frente de quase 10 mil votos sobre Jerônimo Rodrigues. O então prefeito de Itapetinga surfou na onda bolsonarista, que agradava agro e evangélicos, e tinha a máquina pública na mão para fazer campanha contra Lula.
A realidade de 2026, no entanto, é bem mais cruel. Primeiro, Rodrigo não é mais prefeito. O cargo e a verba pública agora são do tio, Eduardo Hagge (MDB), que não só está aliado às forças petistas como está de relações estremecidas com o sobrinho. Sem a máquina, sem o dinheiro do poder, a tarefa fica quase impossível. Neste contexto, Rodrigo poderá receber o apoio da líder opositora Cida Moura (PSD), porém, ela não deve acompanhar as candidaturas apoiadas por Rodrigo. Cida deve manter o apoio às candidaturas petistas na cidade, tendo apenas assumido o compromisso de apoiá-lo para deputado estadual como um acordo político para a prefeitura de 2028, com o ex-prefeito indicando o vice-prefeito na chapa da opositora.
Para piorar, as pesquisas mostram um empate técnico na cidade entre ACM Neto e o governador Jerônimo Rodrigues. A larga vantagem de 2022 evaporou. E com Lula tão forte, fica difícil repetir o fenômeno de votos úteis que alavancou Neto na cidade da última vez.
Rodrigo Hagge, portanto, está encurralado. Seu papel de coordenador carlista, segundo noticiado, o obriga a puxar um discurso de direita para presidente, que, sem Bolsonaro, não deve ter o mesmo apelo. Mas, ao fazer isso, ele corre um risco altíssimo: afastar eleitores de Lula que poderiam, por simpatia, votar nele para deputado estadual.
A estratégia que era seu trunfo em 2022 virou uma armadilha em 2026. Sem o poder local, com o tio contra, com Lula ditando o ritmo e com um apoio local tático e limitado, a missão de Rodrigo não é mais vencer. É sobreviver politicamente sem se afogar na maré petista que começa a dominar Itapetinga.

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