No xadrez político, vontade do prefeito esbarra no poder do vice-presidente e interino Neto Ferraz, é o único a marcar uma nova eleição a presidente.
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| Prefeito de Itapetinga Eduardo Hagge (MDB) e o Vereador ex-oposição Tiquinho Nogueira (PSD). |
A trama pela presidência da Câmara de Itapetinga ganha novos e dramáticos capítulos, confirmando uma velha máxima da política: querer nem sempre é poder. O prefeito Eduardo Hagge (MDB) deu mais uma de maquiavélico e, em uma reunião surpresa, anunciou aos vereadores o nome do vereador Tiquinho Nogueira (PSD) como seu novo candidato a comandar o Legislativo. Só que, na pressa de fazer sua jogada, Hagge parece ter esquecido de ler o regimento interno: a chave para abrir a porta da eleição está no bolso de outro.
Quem segura esse trunfo é o atual presidente interino, Neto Ferraz (PDT). Sem a assinatura dele para pautar o pleito, não há votação, reunião ou posse que se concretize. E, segundo as más línguas, Ferraz foi um dos convidados que se surpreendeu com a indicação do prefeito que definiu Tiquinho como o "escolhido". Um deslize estratégico que pode custar caro ao prefeito.
Esta coluna já antecipou, há algumas semanas, que o ex-presidente Luciano Almeida (MDB) não voltaria ao cargo de presidente. A lei interna da Casa não permitiria, já que sua licença não foi por motivo de saúde. Com a cadeira vaga, o prefeito viu a chance de colocar um aliado de confiança no comando. O problema é que a confiança, aparentemente, é só de um lado.
Ex-presidente da Câmara de Itapetinga pode ter fraudado assinaturas para devolver R$ 500 mil do Legislativo para a Prefeitura.
Por que a pressa do prefeito? Fontes da Prefeitura revelam que a movimentação está diretamente ligada a um descontentamento de Eduardo Hagge. O presidente interino, Neto Ferraz, tem dado apoio público ao deputado federal Antônio Brito (PSD) e, pasmem, ao ex-prefeito Rodrigo Hagge, sobrinho de Eduardo e agora rival da gestão após uma ruptura familiar.
Ao que parece, a aliança de Ferraz com os "inimigos" do prefeito o teria incomodado ao ponto de querer trocar o comandante da Câmara às pressas. Só que, no afã de enfraquecer um desafeto, Edaurdo subestimou o poder do próprio Neto Ferraz, transformando-o no personagem mais importante deste drama.
Agora, Neto Ferraz se vê no centro do tabuleiro. Ele não pode concorrer à presidência neste momento (pois seria reeleição), mas tem o poder de ditar se haverá ou não eleição. E, nesse ínterim, ele pode ficar meses à frente da Casa, travando a vontade do prefeito até que uma decisão judicial force a convocação do pleito, o que pode levar um bom tempo.
Para piorar a vida do prefeito, Ferraz não está sozinho. Ele conta com o apoio interno de vereadores descontentes com a atual administração, inclusive de alguns do próprio MDB do prefeito. Ou seja, mesmo que a eleição aconteça, a vitória de Tiquinho Nogueira, longe de ser uma unanimidade, não é nada garantida.
O que fica para o prefeito Eduardo Hagge é clara: no complexo teatro da política local, de nada adianta articular nos bastidores se você não tem o aval daquele que, mesmo sem poder ser o protagonista, tem o poder de fechar o palco. A bola, agora, está com Neto Ferraz. E todos aguardam o próximo movimento neste jogo de poder que promete mais reviravoltas, ou não.

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