'Coisas pequenas', diz prefeito Eduardo Hagge sobre demissões em massa de aliados

Teste de lealdade no fim de ano ameaça base política de Eduardo Hagge e pode levar prefeito ao isolamento.

'Coisas pequenas', diz prefeito Eduardo Hagge sobre demissões em massa de aliados
Prefeito Eduardo Hagge (MDB), em entrevista coletiva no gabinete da Prefeitura de Itapetinga.

Em uma coletiva de balanço de seu primeiro ano à frente da Prefeitura de Itapetinga, o prefeito Eduardo Hagge (MDB) minimizou as demissões em massa de aliados ocorridas na madrugada do último fim de semana, classificando-as como “coisas pequenas” a ser trada em uma entrevista. A afirmação, no entanto, expôs ainda mais a crise política que se instalou no governo municipal às vésperas do Natal.

Perguntado sobre as demissões de servidores nomeados e contratados da Prefeitura no fim de ano, o prefeito afirmou; “enquanto as demissões, não vou me ater as coisas pequenas.” O prefeito, visivelmente, se sentiu incomodado com a pergunta de aliada política, Eliene Portella, antiga redatora do Jornal Dimensão.

As demissões atingiram cargos de segundo e terceiro escalão, além dos contratados, incluindo nomes históricos do “gabirabismo”, grupo político liderado por seu pai, o ex-prefeito Michel Hagge, além de apoiadores de vereadores da base aliada na Câmara, e de seu próprio partido, o MDB. A movimentação noturna, considerada atípica para os padrões políticos locais, foi interpretada como uma tentativa do prefeito de refazer seu grupo de apoio “do zero”, mas com métodos questionáveis.

'Coisas pequenas', diz prefeito Eduardo Hagge sobre demissões em massa de aliados

Segundo fontes internas, a estratégia de Eduardo Hagge seria “separar o joio do trigo”: demitir para testar a lealdade de quem fica. As dispensas não teriam relação com ajuste fiscal, mas serviriam como um filtro ideológico. Parte dos demitidos poderá ser recontratada caso declare fidelidade ao prefeito, quem se recusar ficará de fora.

A medida, porém, é vista como um tiro no pé por aliados mais antigos. Para alguns “gabirabas raiz”, Eduardo “está fritando o seu próprio grupo político” ao ouvir conselheiros “erráticos” ou “aproveitadores”, abandonando a tradição de construção de alianças que manteve o grupo no poder por décadas. “É um erro que vai custar caro. Essa conta vai chegar na eleição que vem”, alertou um integrante da velha guarda.

O prefeito já vinha perdendo musculatura política após desentendimentos públicos com o próprio sobrinho, o ex-prefeito Rodrigo Hagge, responsável por sua eleição. Agora, as demissões em massa podem acelerar uma ruptura definitiva no grupo político da família.

No cenário que se desenha, Rodrigo Hagge, hoje sem partido, articula uma nova frente com a líder oposicionista Cida Moura (PSD). A aliança deve ser formalizada após o Carnaval e promete abalar ainda mais a frágil base de apoio do prefeito.

Este novo "supergrupo" político deve ser anunciado logo após fevereiro. Se a profecia dos aliados se cumprir, a conta das "coisas pequenas" de hoje será cobrada com juros altíssimos nas urnas, podendo levar o atual prefeito a um vexame eleitoral histórico. Em Itapetinga, o que se comenta é que Eduardo Hagge pode ter demitido, junto com seus aliados, o seu próprio futuro político.