Em 2026, resultado da eleição definirá o novo presidente da Câmara de Itapetinga

Eleição será marcado por racha familiar no MDB e alianças inéditas, pode reduzir a influência do prefeito Eduardo Hagge e transferir o poder de decisão para as urnas.

Em 2026, resultado da eleição definirá o novo presidente da Câmara de Itapetinga
Sede da Câmara Municipal de Itapetinga, no sudoeste da Bahia. 

A política de Itapetinga vive um momento de virada. Pela primeira vez, o resultado de uma eleição geral para presidente, governador, deputados e senadores, terá o poder direto de definir o próximo presidente da Câmara Municipal, que será eleito em janeiro de 2027. Este cenário inédito ameaça quebrar uma tradição de influência do Executivo sobre o Legislativo local e coloca em xeque o poder do prefeito Eduardo Hagge (MDB).

O mandato da presidência da Casa é bienal. A próxima disputa ocorrerá no primeiro dia do ano seguinte as eleições de outubro de 2026, data que se tornou um divisor de águas. A capacidade de Eduardo Hagge de interferir na escolha do novo chefe do legislativo dependerá exclusivamente de seu desempenho nas urnas. Se sair fortalecido, mantém influência. Se sair enfraquecido, seu poder de barganha se esvai, já que vereadores em busca da própria reeleição hesitam em se aliar a uma liderança debilitada.

Os bastidores de um revés que colocou o grupo ‘gabiraba’ contra o prefeito Eduardo Hagge

O racha que pavimentou este caminho começou em janeiro de 2025, durante a última eleição interna da Câmara. Eduardo interveio em uma disputa entre aliados de seu próprio partido, o MDB, provocando a primeira fissura no grupo político "gabiraba". A interferência foi mal recebida e acelerou uma guerra familiar. O prefeito escolheu não apoiar o sobrinho, o ex-prefeito Rodrigo Hagge (MDB), agora candidato a deputado estadual. Em vez disso, Eduardo Hagge decidiu apoiar nomes pouco conhecidos no município.

Em uma jogada que mudou o tabuleiro local, Rodrigo Hagge formou uma poderosa aliança com a líder da oposição, Cida Moura (PSD), que obteve 17 mil votos na eleição de 2024. A união entre um ex-prefeito com capital político e uma ex-primeira-dama com forte votação projetam uma chapa majoritária forte para 2026, com Cida apoiando Rodrigo neste ano e ele retribuindo o apoio na eleição municipal de 2028.

Em ato insano, prefeito Eduardo Hagge sepulta os últimos gabirabas e saruês da Prefeitura

Este novo eixo político, se vitorioso em outubro, ditará os rumos da eleição para a presidência da Câmara. Vereadores, também candidatos à reeleição, tenderão a se alinhar à força hegemônica, abandonando um prefeito enfraquecido. A sobrevivência política desses vereadores depende de estarem na chapa vencedora.

Um fator crucial consolida essa análise: uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) impede a antecipação da eleição interna do legislativo antes das eleições gerais, salvo em caso de vacância do cargo. Portanto, a disputa pela presidência só ocorrerá após o pleito de outubro. O atual presidente, Neto Ferrez (PDT), terá apenas a função de marcar a data da eleição para depois do fim de seu mandato. Caberá ao vereador mais velho da Casa, Valdeir Chagas (PSD), conduzir a sessão que escolherá o novo presidente em 1º de janeiro de 2027.

Com o fim da antecipação das eleições legislativas, uma jogada de aliados do prefeito de realizar um pleito interno antes de outubro/2026 está descartada, obrigando os governistas a encarar um Eduardo mais enfraquecido, tentado desesperadamente ajudar a fazer um presidente com a cara da gestão emedebista.

Assim, o destino político de Eduardo Hagge e o comando da Câmara de Itapetinga estão inextricavelmente ligados ao veredicto das urnas em 2026. O que era uma decisão de bastidores, influenciada pelo chefe do Executivo, transformou-se em um reflexo direto da vontade popular, redefinindo o equilíbrio de poder na cidade.