Plano de Eduardo Hagge para terceirizar servidores deve sangrar os cofres da Prefeitura de Itapetinga

Manobra do prefeito de Itapetinga pós-demissões de Natal pode custar o dobro aos cofres públicos e gerar lucro milionário para empresas privadas.

Plano de Eduardo Hagge para terceirizar servidores deve sangrar os cofres da Prefeitura de Itapetinga
Terceirização de servidores na Prefeitura de Itapetinga de custar até 80 milhões de reais aos cofres públicos.

O clima de incerteza que tomou conta de Itapetinga após a onda de demissões em massa decretada pelo prefeito Eduardo Hagge (MDB) no último dia 20 de novembro, em plena véspera de Natal, começa a ganhar contornos financeiros alarmantes. Informações de bastidores indicam que a estratégia por trás dos cortes não seria apenas uma "reforma administrativa", mas o preparo de terreno para a contratação de empresas terceirizadas em 2026.

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Embora a narrativa oficial busque eficiência, os números revelam uma realidade amarga: a terceirização pode custar até o dobro do que a prefeitura gasta hoje com servidores diretos, drenando recursos que poderiam ser aplicados em infraestrutura do município.

A conta que não fecha: O custo do "lucro privado"

Atualmente, a Prefeitura utiliza modelos de contratação emergencial e cargos comissionados. Nestes formatos, o pagamento é feito "no seco": o servidor recebe o salário, mas o município não paga encargos pesados como o FGTS (8%) ou a multa rescisória, o que mantém o custo da folha sob controle. Já os contratados, não recém qualquer direito trabalhista, isso, mantém o custo baixo das contratações. 

Ao migrar para a terceirização, a Prefeitura passa a ser obrigada a pagar não apenas o salário do trabalhador, mas todos os encargos trabalhistas de uma carteira assinada (CLT), além de uma taxa de administração e o lucro da empresa contratada.

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Com o novo salário mínimo projetado para R$ 1.621,00 em 2026, o custo real de cada trabalhador (somando INSS, FGTS, férias e 13º) sobe para aproximadamente R$ 2.561,18. No entanto, quando se coloca na conta a margem de lucro e as despesas operacionais da empresa terceirizada, esse valor pode chegar a R$ 3.241,18 por mês. Ou seja, para cada trabalhador que ganha um salário mínimo, a Prefeitura de Itapetinga desembolsará praticamente o dobro do valor para alimentar a estrutura da empresa contratada.

Simulação de Impacto: Milhões saindo de Itapetinga

Para entender a dimensão do "rombo" previsto no plano de Eduardo Hagge, o impacto mensal é assustador. Em uma simulação de contratação de 1.000 pessoas recebendo o salário mínimo via terceirizada, o custo mensal para os cofres públicos saltaria para mais de R$ 3,2 milhões. Ao final de um ano, somando o 13º salário, o gasto ultrapassaria os R$ 42 milhões apenas com esse grupo.

O cenário fica ainda mais grave se somarmos a contratação de 300 profissionais com salários médios de três mínimos. Para este grupo, a prefeitura teria um desembolso mensal estimado em quase R$ 3 milhões, totalizando outros R$ 37,9 milhões por ano. No total, esse plano de terceirização poderia consumir cerca de R$ 80 milhões anuais do orçamento municipal, uma fatia gigantesca que hoje é economizada pelo sistema de contratação direta.

O fim da economia dos "pagamentos no seco"

A grande ironia do plano é que o modelo atual, embora precário para o trabalhador que não recebe FGTS, é extremamente barato para o cofre público. Ao optar pela terceirização, o prefeito Eduardo Hagge joga fora essa "economia" e assume uma dívida fixa com empresas privadas que, em grandes cidades, chegam a cobrar quase 100% de encargos e taxas sobre o valor do salário base.

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Especialistas alertam que o lucro das empresas prestadoras de serviço sai diretamente do imposto pago pelo cidadão de Itapetinga. Se a prefeitura pagasse diretamente aos servidores em um modelo estatutário ou mantivesse os contratos atuais, o custo seria drasticamente menor. Com as demissões de Natal ainda frescas na memória da população, a pergunta que fica é: a quem interessa substituir o trabalhador local por um contrato milionário com empresas de fora?