Testar prefeitos com pesquisas é tática de Ondina para conhecer a força dos aliados no interior

Entre pesquisas "fake" e clãs rachados, o Palácio de Ondina descobriu que nem todo prefeito que 'arrota' poder tem voto para arrotar.

Testar prefeitos com pesquisas é tática de Ondina para conhecer a força dos aliados no interior
Imagem da sede do governador da Bahia, Palácio de Ondina.

Parece que a era da “conversa fiada” no interior baiano está com os dias contados. Já se foram os tempos em que um candidato a governador precisava acreditar, de olhos fechados, no discurso inflado de políticos que se autoproclamam “donos do município”, mas que, na prática, nem donos de uma banca de acarajé seriam.

A novidade do Palácio de Ondina, herdada dos governos petistas anteriores e agora aperfeiçoada, é simples e genialmente desconfiada: para saber se um aliado realmente tem força, não pergunte a ele. Pergunte ao povo. Mas sem esperar a eleição, claro, isso seria muito óbvio. A solução? Simular uma pesquisa eleitoral municipal “como se a eleição fosse hoje” e ver quantos votos o aliado consegue juntar.

Pesquisa: cenário político para Eduardo Hagge é pior do que se imaginava.

O resultado? Uma máquina de desmascarar ilusões.

Tomemos Itapetinga como caso de estudo, ou caso de riso, dependendo do seu humor político. O prefeito Eduardo Hagge (MDB), que recentemente se alinhou ao governador petista Jerônimo Rodrigues, passou pelo “teste de Ondina”. E o que se viu? Que seus movimentos de aliado novo em folha não se traduzem em popularidade fresca.

Com quase um ano de governo, Eduardo Hagge enfrenta um racha familiar (o ex-prefeito Rodrigo Hagge, seu sobrinho, não engoliu o abraço no PT) e, segundo a simulação, o prefeito amargaria míseros 9% numa disputa pela prefeitura hoje. Nove por cento! Para quem se dizia um trunfo eleitoral, é um número que beira a humilhação pública.

Ou seja: Ondina descobriu, sem pagar pra ver, que não pode apostar todas as fichas num aliado que, pasme, não tem eleitorado. Enquanto isso, a oposição local, liderada por Cida Moura (aquela mesma que Jerônimo apoiou contra Eduardo em 2024), segue respirando forte. A ironia é de dar nó em pensamento.

O método ainda tem o bônus de desmontar propaganda enganada. No fim de semana, circulou uma “pesquisa” não-oficial atribuindo ao prefeito Eduardo Hagge com uma aprovação explosiva de 73%.

Em Itapetinga, Lula dispara, Jerônimo ultrapassa ACM Neto, Brito lidera, Rodrigo Hagge é absoluto e prefeito Eduardo vai mal.

Alguém acredita? No Palácio de Ondina, aparentemente, só acreditam nos números do seu próprio teste.

Moraleja: no jogo político baiano, quem vende ilusão pode até ganhar um abraço do governador, mas não passa no teste da pesquisa encomendada. E assim, o governo evita cair no conto do “aliado forte” que, no fundo, é só um fazedor de promessas e inimigos, especialmente dentro da própria família.

Itapetinga: voto para senador não empolga; Roma supera Wagner em meio a força de Rui Costa.

Para o prefeito Eduardo, resta uma certeza: enquanto não melhorar os 9%, seu apoio a Jerônimo vale mais como declaração de intenções do que como transferência de votos. E no Palácio que já aprendeu a desconfiar, simulação não é só um jogo é a realidade, de preferência com dados.