União de Bolsonaro com o Centrão leva Athur Lira ao comando da Câmara dos Deputados.
Com forte interferência do governo federal, Athur Lira (PP) é o novo presidente da Câmara dos Deputados. |
Se houve dias em que Jair Bolsonaro acusava o Centrão de ser alma gêmea da corrupção. Ontem (01), essa acusação que costumava motivar seus seguidores nas redes sociais ficou para trás, quando o presidente da republica decidiu abraçar as felipas siamesas da corrupção e leva-los para o comando da Câmara de Deputados, na escancarada compra de votos de parlamentares.
A compra de voto é crime e causa cassação e inelegibilidade, mas essa lei é para os fracos e não para os imortais políticos do Congresso Nacional. Em uma campanha marcada por interferência de Bolsonaro, com a promessa bilionária de emendas e oferta de cargos no governo em troca de votos, o deputado alagoano Arthur Lira (PP), líder do Centrão, foi eleito nesta segunda-feira (1º) presidente da Câmara para um mandato de dois anos.
O feito da conquista de Lira, não teve nada de extraordinário, a não ser, a pesada compra de voto que custou aos cofres públicos R$ 3 bilhões para 268 deputados e 42 senadores. O dinheiro saiu do Ministério do Desenvolvimento Regional. Para quem chegou a falar que o país estava quebra e não podia fazer nada, Bolsonaro usou o jeitinho brasileiro e conseguiu rapidamente R$ 3 bi, coisa que não fez na pandemia que mata mais de 1 mil por dia no Brasil.
Nesse derrame de dinheiro público ainda há o tradicional toma-lá-dá-cá de voto por cargos no governo federal em diversos escalões. Prática que era insistentemente condenada por Jair Bolsonaro, e hoje, corriqueira no governo.
Toda a oferta de recursos foi feita no gabinete do ministro-general Luiz Eduardo Ramos. A Secretaria de Governo, que virou o “QG” das candidaturas vitoriosas dos governistas Arthur Lira no comando da Câmara, e Rodrigo Pacheco (DEM), no Senado.
Ao abraçar o Centrão com afagos, Bolsonaro chegou a jogar no lixo todos seus discursos anticorrupção, que nas redes sociais era marca registrada do bolsonarismo. Para ter o Centrão, Bolsonaro chegou a falar que acabou com a Lava Jato porque "não existe mais corrupção no governo" era uma forma de agradar os líderes do bloco de partido quem sua maioria anda enroscados em causações de corrupção.
Com inicio do reinado do Centrão na Câmara dos Deputados com a presidência de Arthur Lira, Bolsonaro se livra do fantasma do impeachment. Mas como Centrão e Centrão, a garantia do não impeachment dependerá da demanda do governo no toma-lá-dá-cá com parlamentares do bloco. Se faltar verbas e cargos, o fantasma do impedimento do presidente voltará. Afinal, Centrão sempre será um saco sem fundo no poder.
Em quanto isso, nas redes sociais o silêncio bolsonarista é ensurdecedor, as únicas reações é o pedido de apoio à eleição presidencial 2022 e a traição do ex-presidente da Câmara dos deputados Rodrigo Maia (DEM) que deixa o comando da Casa. De resto, os seguidores do presidente terão que encarar a zoeira dos anti-bolsonaro.